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Livros

Esquerda e direita estão obcecadas em detratar o adversário

Mercado editorial está dividido entre livros que buscam criticar o campo adversário

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Eduarth Heinen Marcio Ribeiro Pablo Ortellado

Nosso estudo sobre o mercado editorial de não ficção recolheu a posição no ranking de vendas e as compras conjuntas de mais de mil títulos de ciências sociais e política. Por meio de um modelo matemático estimamos o volume de vendas e a frequência com que diferentes títulos foram comprados por um mesmo consumidor.

O resultado mostra que há praticamente dois mercados, separados em livros de esquerda e em livros de direita.

Os dados são apresentados na forma de um grafo. Nele, cada nó representa um título e as conexões representam compras conjuntas. Quanto maior o nó, mais o título vendeu. Quanto mais dois títulos foram comprados por um mesmo consumidor, mais próximos estão os nós.

Vemos, assim, que há praticamente dois mercados separados, com livros de esquerda, de um lado, e livros de direita, do outro.

Gráfico - Ilustrada - mercado editorial
Gráfico que mostra os mercados editoriais de esquerda e de direita isolados - Divulgação

Dentro de cada um desses dois grupos, analisamos os principais subgrupos. Na esquerda, verificamos um aglomerado de títulos com uma perspectiva progressista, entrelaçados com outro grupo contendo obras de Karl Marx e de teoria marxista. Sobreposto a eles, há um terceiro subgrupo com feminismo, questões raciais e temas LGBT.

Os títulos de direita formam um único grande conglomerado. Quando analisamos sua estrutura interna, vemos um gradiente que vai de títulos sobre liberalismo econômico até os outros sobre conservadorismo moral, com os livros de Olavo de Carvalho no centro.

Nos dois maiores agrupamentos predominam obras criticando o campo adversário: na esquerda, títulos como "Ruptura" e "Como as Democracias Morrem" chamam a atenção para os riscos à democracia nos governos de direita.

Na direita, títulos como "O Livro Negro do Comunismo" e "Marxismo Desmascarado" mostram equívocos da esquerda. Quando produzimos uma nuvem de palavras a partir das sinopses, vemos que na esquerda predominam termos como "ameaças", "democracia" e "fascismo", enquanto na direita saltam "Brasil", "política" e "comunismo".

Não apenas consumidores de esquerda não compram livros de direita e vice-versa, como também a literatura de cada lado está obcecada em detratar o campo adversário.

Gráfico - Ilustrada - mercado editorial
Nuvem de palavras a partir das sinopses dos livros analisados no estudo - Divulgação

Autores do estudo 'Polarização no Mercado de Livros de Política e Ciências Sociais'

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