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Jacarés sanguinários de 'Predadores Assassinos' seduziram Sam Raimi

Diretor agora no papel de produtor lança filme de monstros diante de nova leva de horror intelectual

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Los Angeles

Aos 22 anos, Sam Raimi revolucionou o cinema de horror com “A Morte do Demônio”, de 1981, filme de orçamento minúsculo e ideias maiúsculas que se tornou um fenômeno das bilheterias.

Agora, prestes a completar 60 anos e há seis sem assinar um filme como diretor, o cineasta admite se encontrar numa das maiores encruzilhadas da sua carreira.

“Quero entregar ao público algo inédito e inesperado, um trabalho tão original que vai fundir suas mentes, mas é muito difícil achar isso e temo não ser mais capaz de encontrar um roteiro assim”, diz Raimi ao repórter ao promover o longa “Predadores Assassinos”, do qual é produtor.

“Eu provavelmente vou ficar pensando dessa forma para o resto da minha vida e nunca mais dirigir um filme novamente.”

O longa do francês Alexandre Aja, que estreia no Brasil nesta semana, com certeza não é um desses que exala originalidade. É um encontro de filme-catástrofe com horror de monstros ao imaginar uma filha, papel de Kaya Scodelario, tentando salvar o pai, vivido por Barry Pepper, no meio de uma cidadezinha no estado americano da Flórida inundada por uma tempestade e invadida por jacarés sanguinários.

“Adoro filmes de monstros e esse projeto me atraiu por ser um pouco exagerado em sua origem e interpretação, mas também baseado na nossa realidade”, explica Raimi, que cita as mudanças climáticas como base das tragédias naturais da trama, mas faz questão de se distanciar do atual momento do cinema de horror.

“Sou mais um animador que um analista social. A falta de empatia e compreensão das pessoas me assusta, mas não quero ver isso nos cinemas. Quero diversão e relaxar.”

Apesar de toda a teoria, Raimi não comanda um longa do gênero desde o ótimo “Arraste-Me para o Inferno”, lançado há exatos dez anos. O hiato coincide com a ascensão do novo horror intelectual de Jordan Peele, diretor de “Corra!”, e Robert Eggers, de “A Bruxa”.

“É estranho ver o terror mainstream porque era algo escondido na minha época. Acho que as histórias estão ficando mais complexas e relevantes socialmente. Incrível ‘Corra!’ ter sido indicado ao Oscar”, diz o cineasta.

“O público de hoje está mais sofisticado com o advento do streaming. Os garotos veem tudo e conhecem todos os nossos truques. É um desafio surpreender.

O cineasta e produtos Sam Raimi em foto de 2007 - Mario Anzuoni/Reuters

Na tentativa de chegar ao nível desejado de realismo, os produtores decidiram levar o filme para a Sérvia, onde “o dólar pode chegar mais longe” —o longa teve um orçamento modesto de US$ 15 milhões, ou cerca de R$ 62 milhões. Assim, levantaram parte de uma cidade cenográfica só para inundá-la durante as filmagens.

“Me vejo como um marionetista. É preciso entender o que o espectador deseja e não entregar na hora que espera. O cinema de terror é como um jogo de xadrez”, reflete.

Mesmo longe da direção, Sam Raimi indiretamente surpreendeu o público há poucos meses. Ao fim de “Homem-Aranha: Longe de Casa”, sequência recente do herói da Marvel, o filme revela a presença do personagem J. Jonah Jameson, interpretado por J.K. Simmons –mesmo ator responsável pelo personagem na trilogia original “Homem-Aranha”, dirigida por Raimi.

“Ele me ligou para perguntar se eu teria algum problema com a participação, mas claro que não. Fiquei muito empolgado com a ideia de pegar o personagem e continuar sua saga”, diz, animado. “Pelo que entendi, não é o mesmo Jonah. Preciso ver o filme para comprovar.”

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