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Latinos são sub-representados em Hollywood, diz estudo

Análise mostrou que atores hispânicos fizeram 3% dos papéis centrais nos filmes de melhor resultado nos últimos 12 anos

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Laura M. Holson
The New York Times

A despeito dos esforços de Hollywood por ser mais inclusiva nos últimos anos, os latinos continuam sub-representados tanto diante quanto atrás das câmeras na indústria do cinema, de acordo com um novo estudo.

A Iniciativa Annenberg de Inclusão, da Universidade do Sul da Califórnia, divulgou um estudo em agosto que constatou que, dos 100 filmes de maior bilheteria de cada ano, entre 2007 e 2018, apenas 3% tinham atores latinos no papel principal ou no segundo papel.

Produtores e executivos de elenco também se saíram mal, com apenas 3% de representação para os latinos. E a presença deles também era rara na cadeira do diretor, com apenas 4% de diretores latinos nos filmes do período de 12 anos que foi estudado.

No total, apenas 4,5% dos 47.268 papéis com diálogos, nos filmes estudados pelos pesquisadores, foram dados a atores latinos.

A pesquisa foi conduzida em parceria com a Wise Entertainment e com a Associação Nacional de Produtores Latinos Independentes, uma organização americana que promove o trabalho de criadores de conteúdo latinos.

"A comunidade latina não foi priorizada, e é imperativo que iluminemos a chocante realidade da representação latina no cinema", disse Benjamin Lopez, diretor executivo da associação, em comunicado.

Os resultados, aponta o estudo, não refletem o número de pessoas hispânicas que vivem e trabalham nos Estados Unidos. De acordo com o Serviço de Recenseamento dos Estados Unidos, a população hispânica do país era de 59,9 milhões de pessoas em 2017, ou 18,1% da população nacional. O serviço estima que, em 2045, um quarto dos americanos será hispânico.

Um ponto positivo é que entre os 3% de atores latinos em papéis principais, cerca de metade são mulheres. Entre elas estão Cameron Diaz, Jennifer Lopez e Jessica Alba.

Esses números, contudo, também mostram distorções: Diaz interpretou cinco dos 17 papéis principais confiados a atrizes latinas, segundo o estudo. Além disso, Lopez era a única mulher de mais de 45 anos a fazer um papel principal. Outro problema é que os personagens latinos terminam muitas vezes enquadrados a estereótipos infundados.

"Em um momento no qual os latinos do país enfrentam preocupações de segurança cada vez mais séria, é urgente que vejamos a comunidade latina representada de forma acurada e autêntica nos produtos de entretenimento", afirmou Stacy Smith, diretora da Iniciativa Annenberg de Inclusão em um comunicado.

O mercado para filmes com personagens latinos nos Estados Unidos está em geral inexplorado. Um estudo conduzido em 2018 pela Associação Cinematográfica dos Estados Unidos (MPAA, na sigla em inglês), mostrou que a presença de audiências hispânicas nas salas de cinema foi a mais alta já registrada, naquele ano.

Os hispânicos foram ao cinema em média 4,7 vezes, no período. Um ano antes, "Viva - A Vida é Uma Festa", longa de animação da Pixar que contava a história de um menino mexicano que encontra seus ancestrais, foi um dos grandes sucessos do ano, conquistando um Oscar e arrecadando US$ 807 milhões nas bilheterias mundiais, de acordo com o site boxofficemojo.com.

Tradução de Paulo Migliacci

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