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Artes Cênicas

Letras simples de Luan Santana se integram bem ao teatro musical

Como espetáculo juvenil, é difícil imaginar outro melhor, tão plenamente desenvolvido como 'Isso Que é Amor'

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ISSO QUE É AMOR

  • Quando Sex., 21h; sáb., 18h e 21h30; dom., 19h. Até 27/10
  • Onde Teatro das Artes, Shopping Eldorado. Av. Rebouças, 3.970
  • Preço R$ 50 a R$ 120

Ao longo da última década, o sul-mato-grossense Luan Santana se firmou como o mais bem-sucedido cantor “mainstream” no Brasil, marcadamente pop, com pontes até para o funk. Deve ser um dos alvos de Milton Nascimento quando este questiona a música feita atualmente no país.

O musical “jukebox” que acaba de estrear em São Paulo, uma história de amor adolescente costurada com canções compostas e/ou gravadas por Santana, mostra letras que se integram melhor ao gênero do que, por exemplo, aquelas de “Milton Nascimento - Nada Será Como Antes”.

Explica-se: Como estabelecido na Broadway de Oscar Hammerstein a Stephen Sondheim, as letras devem ser o mais simples possível. Pelas leis de Sondheim, “menos é mais” e “tudo está a serviço da clareza”.
Simples, “Isso Que é Amor” é eficiente, tem cadência teatral, emociona. Como espetáculo juvenil, é difícil imaginar outro melhor, tão plenamente desenvolvido.

Embora o plano inicial de seguir a trama de “Romeu e Julieta” tenha ficado pelo caminho, é ainda daqueles jovens que se trata, na história de um popstar sufocado pela carreira (e pela mãe agente) e de uma menina ecologicamente engajada (e sua mãe hippie).

O texto, da roteirista e dramaturga Rosane Lima, se não chega à precisão do “jukebox” contemporâneo mais exitoso, o britânico “Mamma Mia”, se mostra redondo e prende a atenção.

Não é drama, está mais para uma comédia em que os jovens amantes, Gabriel Lucas e Leona, são ameaçados sobretudo por Fernando, o ardiloso ex-namorado de Leona. O triângulo, interpretado respectivamente pelos quase estreantes Daniel Haidar, Isabel Barros e Nicolas Ahnert, é uma das qualidades de “Isso que É Amor”.

O primeiro consegue ir além da caracterização de Santana, compondo um personagem com relativa complexidade. A segunda é enternecedora, frágil e bela em toda a sua “sofrência” —e, não fosse a perspectiva ruim para a produção teatral no Brasil hoje, uma candidata a protagonizar clássicos musicais.

O terceiro, longilíneo e marcante, se descobre comediante de empatia e diálogo fácil com a plateia. Dá veracidade à trama de “online shaming” que faz correr o enredo e, junto com o ambientalismo, aproxima tematicamente a peça da plateia —ao menos na matinê do último sábado.

O resultado cênico pode ser creditado em grande parte ao diretor Ulysses Cruz, inclusive à sua experiência com linguagem adolescente na TV. Como em alguns de seus espetáculos mais grandiosos e bem-sucedidos nas últimas décadas, uma estrutura metálica móvel toma o palco e exige atenção constante do elenco.

No elenco, em personagens e formando coro, chamam a atenção também, pela voz ou pelo tempo cômico, nomes como Pamela Rossini, Robson Lima, Letícia Scopetta e principalmente Anna Akisue, que mostra em “Boate Azul” que Luan Santana também pode ir muito além.

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