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SPFW volta ao Ibirapuera após morte de modelo em pleno desfile

Evento de moda retorna ao parque num esforço de mudar a imagem

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São Paulo

A morte do modelo Tales Cotta em plena passarela da última São Paulo Fashion Week, em abril, ainda melindra a produção do evento. Tanto que, encerrada a 47ª edição, o diretor artístico Paulo Borges reuniu a diretoria da IMM, que comprou 50,1% da controladora do evento, para insistir na saída das apresentações do Espaço Arca e na volta do evento ao parque Ibirapuera.

Até um mês atrás nada estava garantido. Mas uma parceria com a SPTuris abriu as portas para o retorno dos desfiles ao Pavilhão das Culturas Brasileiras, última parada da SPFW antes da assinatura do contrato com o Arca, no ano passado, festejada pela produção e criticada nos bastidores.

Desfile da marca Ronaldo Fraga durante a 44ª São Paulo Fashion Week, em 2017, realizada no parque Ibirapuera
Desfile da marca Ronaldo Fraga durante a 44ª São Paulo Fashion Week, em 2017, realizada no parque Ibirapuera - Adriano Vizoni - 30.ago.2017/Folhapress

Longe do centro e com acesso dificultado pelo trânsito, o espaço isolou a semana de moda num miolo decrépito da zona industrial paulistana.

Foi a primeira atitude de um esforço coordenado para recuperar a simpatia de patrocinadores, imprensa e convidados, arranhada após a decisão do evento em continuar as apresentações mesmo após o anúncio da morte de Cotta.

A segunda foi trazer de volta uma das principais grifes do país, a Ellus, cujo sócio-fundador, Nelson Alvarenga, havia dito em entrevista a este jornal, no mesmo mês de abril, que não desfilava mais porque “o negócio ficou destrutivo”.

“Eu vou fazer desfile para quem? Para uma blogueira que todo mundo sabe ser paga para falar bem? Para a imprensa chegar e fazer uma crítica negativa?”, disse à época.

A declaração causou mal-estar porque o próprio Alvarenga era sócio da Luminosidade e foi um dos articuladores de sua venda à IMM Participações, controlada pelo fundo árabe Mubadala Development, dona de parte da Rock World S.A, do Rock in Rio.

Para a próxima edição, entre 13 e 18 de outubro, a Ellus foi convidada a abrir a programação no Farol Santander. A marca confirmou o convite feito por Paulo Borges e disse, em email assinado por sua diretora criativa, Adriana Bozon, que o retorno será “ótimo”.

A grife deverá desfilar a habitual mistura de “jeanswear” e roupa utilitária pela qual ficou famosa entre o público jovem. A influência do esporte na roupa cotidiana também deve permear a coleção de Bozon, assinada pelos estilistas Thiago Marcon e Muriel Mingossi.

Croqui de coleção da grife Ellus une viés utilitário e esportista; o desfile abre a SPFW, no dia 13 de outubro
Croqui de coleção da grife Ellus une viés utilitário e esportista; o desfile abre a SPFW, no dia 13 de outubro - Divulgação

Procurada desde a semana passada, a organização da São Paulo Fashion Week não respondeu aos questionamentos sobre a volta ao Ibirapuera, as estreias e mudanças de gestão.

Por meio de sua assessoria, informou que os organizadores optaram por não conceder entrevistas antes do início da temporada e que, por motivos de saúde, Borges está impossibilitado de agendar um encontro, assim como seu braço direito, Graça Cabral, impedida por falta de agenda.

Mas a grande aquisição da próxima SPFW vem de outro evento, a Casa de Criadores, maior celeiro de novos talentos da moda nacional. O estilista baiano Isaac Silva aceitou o convite para integrar o evento e, apesar de ter planejado desfilar só no próximo ano, apresentará uma coleção de 26 looks no próximo mês.

 

Além dele, estreará agora outra ex-Casa de Criadores, Angela Brito, uma cabo-verdiana radicada no Rio de Janeiro, dona de uma marca homônima.

Composta por tecidos brancos, a coleção de Silva se chamará “Acredite no Seu Axé”, referência à frase estampada nas camisetas que ele colou nos últimos meses em fashionistas e celebridades atuantes na causa pelos direitos dos negros.

Segundo ele, o branco nas religiões afro-brasileiras significa guerra, “não de paz e celebração como foi instituído nas festas de Réveillon”. “É uma ironia que casa muito bem com esse momento político.”

Famoso pelos desfiles apoteóticos da Casa —que “ficou pequena para o tamanho da marca”—, o estilista levará uma escalação de modelos desconhecidas, quase todas negras de agências que não têm vez em desfiles de grandes marcas. Parte delas integra o projeto Periferia Inventando Moda.

A passarela receberá ingredientes incomuns, mas, para ele, importantes nessa estreia tida como “teste para entender se ainda vale a pena desfilar”.

Toda a extensão do espaço será preenchida por sal grosso e ramos de arruda, popularmente conhecidos como bloqueadores de energias negativas. “Estamos todos precisando dessa proteção.”

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