As pessoas mais ricas do mundo estão fazendo uma "piada de mau gosto com todos nós", disse a estrela de Hollywood, Meryl Streep, neste domingo (1°). Ela protagoniza um novo filme baseado no escândalo Panama Papers, que estreou no Festival de Veneza.
A atriz americana interpreta uma viúva traída por uma trapaça financeira em "The Laundromat", uma sátira sobre o labirinto de empresas que os criminosos e os super-ricos usam para esconder seus bilhões.
"Este filme é divertido e engraçado, mas é realmente importante", disse Streep a repórteres no Festival de Veneza.
O diretor Steven Soderbergh mostra como o vazamento maciço de documentos de 2016 do escritório de advocacia Mossack & Fonseca, do Panamá, expôs as artimanhas que os ricos e poderosos fazem para evitar pagar impostos —em geral, de maneira legal.
O escândalo causou choque em todo o mundo quando foram expostas as negociações offshore de líderes em vários países, levando à renúncia do primeiro-ministro islandês, Sigmundur Davio Gunnlaugsson.
Mas, em vez de considerar os parceiros da firma como bandidos obscuros, o diretor Steven Soderbergh permite que a dupla —interpretada pelo britânico Gary Oldman e pelo espanhol Antonio Banderas— cave suas próprias covas, com narrativas em primeira pessoa.
"Essa é uma maneira engraçada de contar uma piada de mau gosto, uma piada que riu de todos nós", disse Streep a repórteres em Veneza.
Streep valoriza trabalho dos jornalistas na revelação de escândalos
"Mas não é um crime sem vítimas, e muitas delas são jornalistas. A razão pela qual os Panama Papers foram revelados para o mundo foi graças ao trabalho de jornalistas. Pessoas morreram por causa disso", disse Streep, referindo-se à colunista maltesa Daphne Anne Caruana Galizia, que foi morta em um ataque a bomba em 2017, depois de participar da investigação do Panama Papers.
Soderbergh, criador de clássicos como "Sexo, Mentiras e Videotape", "Traffic: Ninguém Sai Limpo", "Erin Brockovich, uma Mulher de Talento" e a trilogia "Ocean's" disse esperar que o filme da Netflix aumente a pressão por mudanças reais.
"Juntamente com as mudanças climáticas, esse tipo de corrupção é a questão definidora deste momento. Em 2000, o 1% mais rico controlava um terço da riqueza do mundo. Agora, eles controlam metade. Isso não parece sustentável e ainda estamos aqui. Transparência é a única solução", acrescentou.
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