Versão para os palcos de best-seller de Elena Ferrante chega a SP

Dividida em duas partes, peça inspirada em 'A Amiga Genial' faz apresentação única em festival de teatro italiano

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São Paulo

Demorou um ano até que a companhia teatral italiana Fanny & Alexander conseguisse a autorização de Elena Ferrante para montar uma versão para os palcos de sua tetralogia napolitana, fenômeno editorial transformado em série pela HBO.

Como a identidade da escritora —ou escritor— é desconhecida, as propostas da companhia tinham de ser enviadas do grupo para a editora, da editora para Ferrante, de Ferrante para a editora, e então de volta à companhia, lembra a atriz Chiara Lagani, que assina a adaptação. Cada email levava um mês para ser respondido.

Batizada de "História de uma Amizade", a montagem, única com o selo de aprovação da autora, estreou há dois anos. Às véspera do lançamento do novo título de Ferrante, marcado para novembro, será encenada no Brasil em sessão única, como parte da Scena, a Semana da Cena Italiana Contemporânea em São Paulo, do Istituto Italiano di Cultura.

A programação inclui ainda dois expoentes do teatro daquele país, Marco d'Agostin e o aclamado coreógrafo Alessandro Sciarroni. Ambos são conhecidos por uma pesquisa experimental, que mescla teatro, performance e artes visuais. Uma qualidade que partilham com o Fanny & Alexander.

O padrão dá uma dica do que esperar da recriação da companhia para o best-seller "A Amiga Genial".

Sobre o palco, em vez da multitude de personagens da série, estão apenas Lagani e Fiorenza Menni, que vivem não só as protagonistas, Elena e Lila, como outras pessoas. Usam como recursos só uma tela branca de cinema e poucas trocas de figurino.

Num primeiro ato minimalista, apresentado nesta quarta (2), às 21h, alternam vestes brancas e negras para recontar a infância das protagonistas.

Depois, na quinta (3), às 21h, a tela ganha cores saturadas e projeções de sequências de filmes domésticos para que as atrizes mergulhem nos últimos três livros da série, em que as personagens já são adultas.

O diretor Luigi de Angelis explica que as mudanças refletem a experiência das protagonistas nas duas fases da vida. Enquanto a infância delas é "claustrofóbica", limitada aos muros de um bairro pobre em Nápoles, na juventude elas descobrem um mundo tão colorido quanto complexo.

A direção de arte não facilita, no entanto, a tarefa das atrizes, dado o método de interpretação desenvolvido pela companhia.

Usando fones de ouvido em cena, elas ouvem de um lado o texto que deverão recitar e, do outro, os gestos a serem realizados. São atos que vão de um simples piscar de olhos a movimentos de dança inspirados nas coreografias da alemã Pina Bausch.

Com diversas adaptações literárias na bagagem, trabalhos que não raro se desdobram em muitos espetáculos diferentes —"Ada ou Ardor", de Vladimir Nabokov (1899-1977) inspirou nada menos que oito montagens—, os integrantes do grupo alertam os fãs de Ferrante para chegarem ao teatro abertos a novas interpretações. Do contrário, dizem, "vão se sentir traídos".

 
Teatro

Scena - Semana da Cena Italiana Contemporânea

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Com início nesta quarta (2), a programação reúne espetáculos italianos e vanguardistas de dança, teatro e circo. Para a abertura do evento, a companhia Fanny&Alexander apresenta

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