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Cinema

Falta didatismo em filme sobre triatleta com doença degenerativa

'Um Dia para Susana', dirigido por Giovanna Giovanini e Rodrigo Boecker, faz uma aposta radical na emoção

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UM DIA PARA SUSANA

  • Quando Estreia na quinta (3)
  • Produção Brasil, 2018
  • Direção Giovanna Giovanini e Rodrigo Boecker

Um documentário que mostre a luta de um personagem para superar problemas físicos em busca de um sonho já nasce com um elemento emocional forte. Para ser um bom filme, precisa aliar a esse caráter de história de superação alguma qualidade de força cinematográfica.

"Um Dia para Susana", dirigido por Giovanna Giovanini e Rodrigo Boecker, faz uma aposta radical na emoção. Pode fazer isso, porque a história da triatleta Susana Schnarndorf , diagnosticada em 2005 com Atrofia de Múltiplos Sistemas, não permite a ninguém ficar indiferente ao que acontece com ela.

Orientando sua carreira para a natação paralímpica. Susan treina obsessivamente para participar nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. Mas as pioras em suas condições médicas vão se sucedendo, colocando em risco esse desejo. O documentário acompanha os treinos de Susana e também sua vida fora da piscina. Os problemas se acumulam nos dois cenários.

A doença vai limitando gradativamente os movimentos de Susana, e afeta principalmente a respiração. Mesmo decidida a enfrentar essas dificuldades, ela tem um problema pessoal que também interfere em seu rendimento atlético.

Os filhos de Susana ficam morando no Rio, com o pai, e a separação atrapalha bastante seu relacionamento com as crianças. Outra questão que os depoimentos e as filmagens deixam clara é que Susana não tem uma ligação tranquila com a mãe. A própria atleta admite que está vendo acontecer entre ela e os filhos o mesmo afastamento que sofreu em relação à mãe.

Com todos esses elementos de drama pessoal, é claro que o filme vai reter a atenção de quem está assistindo. Mas há equívocos que prejudicam o veridicto final sobre o documentário.

Falta didatismo à narrativa. Na parte inicial, por exemplo, há uma cena em que Susana vai mal numa prova e deixa a piscina com tremedeiras. A câmera acompanha quando ela é levada para o ambulatório, deitada na cama e submetida à atendimento. As imagens dos braços trêmulos de Susana são tensas, mas simplesmente não há uma única explicação que seja sobre o que acontece naquele momento. O espectador fica desamparado dessa forma em outras passagens do filme.

O ritmo acaba sendo lento, e não é oferecida uma cena sequer que permita uma maior empatia com Susana, que não tem, digamos, uma personalidade fácil.

Assim, o espectador se vê preso ao filme para saber o que acontecerá com a atleta na Paralimpíada do Rio. O documentário provoca curiosidade, mas não traz bom cinema.

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