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Fernando Meirelles alfineta Bolsonaro em discurso de encerramento da Mostra de SP

No evento, também foram anunciados os filmes ganhadores do festival de cinema

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São Paulo

O cineasta Fernando Meirelles, de “Cidade de Deus”, alfinetou o presidente Jair Bolsonaro ao discursar no encerramento da Mostra de Cinema de São Paulo, nesta quarta (30), no Auditório do Ibirapuera.

Antes do início de “Dois Papas”, produção do Netflix que ele dirigiu, o cineasta afirmou que decidiu embarcar na trama religiosa por sentir “que o mundo estava esquisito”. “E não estou falando dele, apesar do miojo no Japão”, disse em referência ao presidente Jair Bolsonaro, que numa viagem oficial ao país preferiu o macarrão instantâneo ao banquete oferecido pelo imperador Naruhito.

Na plateia, estavam o ex-candidato à presidência Fernando Haddad (PT), a atriz Bárbara Paz, o ator Caco Ciocler e o ex-Secretário de Cultura de São Paulo André Sturm.

O cineasta Fernando Meirelles - Mathilde Missioneiro/Folhapress

No evento também foram anunciados os longas ganhadores da Mostra.

O prêmio mais importante, decidido pelo júri entre os 14 títulos mais votados do público, foi concedido a três filmes protagonizados por mulheres.

São eles o documentário "Honeyland", da Macedônia do Norte, e as ficções "System Crasher", da Alemanha, e "Dente de Leite", da Austrália. Os dois primeiros também foram selecionados por seus respectivos países para concorrer ao Oscar de melhor filme internacional.

“Honeyland” retrata uma apicultora que, aos 50 anos, vê seu estilo de vida ameaçado pela chegada de vizinhos. “System Crasher”, exibido no festival de Berlim, acompanha uma menina rebelde de nove anos desesperada para voltar a morar com a mãe, e “Dente de Leite” mostra uma adolescente doente que, para desespero dos pais, se apaixona por um traficante.

Os diretores dos longas, que não estavam presentes e enviaram mensagens de agradecimento em vídeos, foram selecionados por um um júri formado por três diretores, o paulistano Beto Brant, o argentino Lisandro Alonso, a portuguesa Maria de Medeiros, e uma produtora, a francesa Xénia Maingot.

Favorito na corrida pelo Oscar e ganhador da Palma de Ouro no festival de Cannes deste ano, o sul-coreano "Parasita" foi eleito pelo público a melhor ficção internacional, enquanto "A Grande Muralha Verde", sobre uma iniciativa para plantar 8.000 quilômetros de árvores pelo continente africano e produzido por Meirelles, foi o preferido na categoria de documentário estrangeiro.

Das produções nacionais, a plateia selecionou o longa documental "Chorão: Marginal Alado", sobre o vocalista da banda Charlie Brown Jr. morto em 2013, e a ficção "Pacificado", rodada por um diretor americano numa favela carioca.

Os espectadores votaram por meio de cédulas distribuídas pela organização do festival ao início de cada sessão da mostra.

A Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, também concedeu uma láurea. O tradicional prêmio para realizadores nacionais estreantes foi para “Currais”, de David e Sabina Colares, que mistura registros documentais e inventados para investigar os campos de concentração de vítimas da seca no nordeste nos anos 1920.

Já os críticos que cobrem a Mostra elegeram os longas “Aos Seus Olhos”, de Ana Luiza Azevedo, como melhor título brasileiro e, de novo, “Honey Land”, como estrangeiro.

Uma pequena homenagem ainda antecedeu o início de “Dois Papas”. “Idos com o Vento”, curta estrelado por Patricio Bisso que há 15 anos participou da mostra, foi exibido em honra ao performer, morto no último dia 13.

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