Descrição de chapéu Rock in Rio

Francisco, El Hombre faz público pular com críticas a Bolsonaro e defesa de Lula

Banda de mexicanos e brasileiros abriu o quarto dia do Rock in Rio, que ainda tem Red Hot Chili Peppers

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Rio de Janeiro

“Pulando, pulando, quem não pula é miliciano”, entoou a certa altura do show o vocalista e violonista Mateo Piracés-Ugarte. A frase resume bem o show no Rock in Rio da explosiva Francisco, el Hombre, uma mistura intensa de pulos contínuos e críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Teve bandeira do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Lula Livre, foto da deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP), militantes indígenas e menções à Amazônia e greves pela educação.
“Mentira acima de tudo, censura pra cima de todos”, dizia uma das frases estampadas no telão fazendo uma alusão ao slogan do governo. E quando o público gritou “Ei, Bolsonaro, vai tomar no cu”, o cantor respondeu “Tomar no cu é uma delícia”.

As bandas Francisco El Hombre & Monsieur Periné no palco do Rock in Rio
As bandas Francisco El Hombre & Monsieur Periné no palco do Rock in Rio - Eduardo Anizelli/Folhapress

A apresentação, a primeira do dia no palco Sunset, começou com a mais lenta “Triste, Louca ou Má”, com o refrão “o homem não te define, sua casa não te define, sua carne não te define. Você é seu próprio lar”.
No fundo, projeções de mulheres como a paquistanesa Malala, a escritora, militante e colunista da Folha Djamila Ribeiro, a estudante e ativista ambiental Greta Thunberg, e uma jovem Dilma Rousseff depondo numa auditoria militar. A música terminou com um abraço entre as integrantes femininas.

Na canção "Bolso Nada", parceria com Liniker e os Caramelows, trechos cantavam "Esse cara escroto, mucho escroto" e "Bolso dele sempre cheio, Bolso nada que pariu".

“Muita gente falou para a gente maneirar no discurso. Mas agora que a gente chegou a esse lugar era a hora de falar”, disse Mateo à Folha após deixar o palco. 

“Tem uma galera vendo de casa que não pensa como nós. A gente desceu do palco e já tinha ‘hater’ nos xingando nas redes sociais. É uma oportunidade de mostrar que tem muita gente pulando e que não está a favor de esconder quem matou Marielle, dessa junção do governo com a milícia. É supersimbólico mostrar isso em uma transmissão ao vivo.”

Francisco, el Hombre, que escolhe a palavra ruptura para se definir, "já foi coco, cumbia, maracatu, salsa e sopros de ciranda", mas agora está na vibe do "punk-rock, eletro-punk, freak", segundo texto de apresentação da banda. Eles estão no seu segundo disco de estúdio, "Rasgacabeza".

O grupo é formado por cinco integrantes: Mateo, Seb, Ju, Gomes e Andrei. Os dois primeiros, irmãos e mexicanos, chegaram ao Brasil em 2000 enquanto viajavam o mundo e fundaram a banda em Campinas (SP). O nome vem de um folclore colombiano, um homem que vagava pelas ruas das cidades tocando acordeão.

A apresentação nesta quinta (3) aconteceu sempre aos pulos. Teve pulo normal, pulo depois de ficar agachado, pulo correndo numa rodinha e até dancinha com pulos. A plateia não parou nem por um minuto desde que a banda entrou vestida com o uniforme da seleção brasileira, meiões vermelhos e os dizeres “Educar e resistir” escritos nas costas.

Os trajes no início se misturaram com as estampas caribenhas do grupo colombiano Mounsier Periné, que abriu o show esquentando o público com sua mistura de jazz, pop e swing dançante, em espanhol e também francês. “Eu gostei”, dizia uma jovem aos amigos.

Com cinco indicações ao Grammy Latino, tendo ganhado em 2018 na categoria Melhor Artista Novo, a banda tem uma pegada um pouco mais calma que a Francisco, mas segue na mesma linha.

E entrou no clima: “Nós brasileiros e colombianos compartilhamos nossa mistura, nossa cultura e nossas lutas. Vamos hoje unir nossas vozes para semear uma mensagem de unidade e paz, porque esse mundo está louco. E não existe governo mais importante que a vida, que a terra, que os rios”, falou a vocalista Catalina García.

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