Game que ecoa filmes de Tim Burton usa néon mágico para combater bullying

'Concrete Genie' também lembra 'Onde Vivem os Monstros' e pode ser zerado em cerca de cinco horas

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São Paulo

Deu no Denska Tribune, jornalzinho local: “Delinquentes juvenis agora dominam a vila de pescadores abandonada”.

Depois de um derramamento de óleo, o que costumava ser uma cidade portuária próspera e animada se tornou poluída e sombria. Convém, claro, mencionar que estamos falando de um lugar fictício.

Em “Concrete Genie”, o protagonista Ash perambula pelas ruas de Denska tentando se esquivar dos valentões que o perseguem, enquanto rabisca desenhos no seu caderno. Do papel, o artista urbano parte para as paredes. 

“O enredo é sobre a imaginação de um garoto e sobre como ele se salva do bullying usando a criatividade”, diz Jeff Sangalli, diretor de arte.

Os desenhos acabam ganhando vida. São “gênios”, criaturas amigáveis que ajudam seu solitário amigo humano. Lembram “Onde Vivem os Monstros” —tanto o livro de Maurice Sendak quanto o filme de Spike Jonze—, só que numa versão bidimensional em néon.

“No início eu achei que era um filme”, escreveu um usuário num vídeo de gameplay de “Concrete Genie” no YouTube. Mas narrativa é um jogo de PlayStation 4.

Cabe ao jogador desenhar, nas paredes da cidade, cenários e criaturas que vão ajudar Ash em sua jornada. Dá para criar os monstrengos mais bizarros e desproporcionais possíveis, fica a critério do freguês.

Os bichos soltam grunhidos que lembram um Chewbacca mais comportado —aliás, foi na Lucasfilm que Sangalli e o diretor do jogo, Dominic Robilliard, se conheceram.

É possível zerar o jogo em menos de cinco horas, o que, em termos de duração, o põe mais próximo a um longa-metragem do que a outros lançamentos de PS4 deste  ano —“Marvel’s Spider Man” e “Control”, por exemplo, giram em torno de 20 horas de gameplay, a depender das escolhas e da habilidade de quem joga.

“A gente ama cinema e animação, mas não foi nosso objetivo fazer algo que ecoasse um filme”, diz Sangalli.

“Nossa equipe é pequena, tem umas 20 pessoas. Você tem que ser realista quanto ao tamanho e ao escopo do projeto que consegue realizar”, diz Brent Gocke, produtor do jogo, ao explicar a duração do game. “Sendo bem honesto, ‘Concrete Genie’ é bem ambicioso para o tamanho da nossa equipe.”

“Nos inspiramos em qualquer trabalho de arte que celebra a imaginação”, diz Sangalli, que concorda com a comparação com “Onde Vivem os Monstros”, mas também cita Jim Henson, criador dos Muppets, e Tim Burton.

O game foi desenvolvido pela Pixelopus, um estúdio que, apesar de ser pequeno, está debaixo das asas da Sony. Originou-se de um grupo de estudantes da universidade Carnegie Mellon que foi absorvido pela SIE Worldwide Studios, braço da fabricante japonesa dedicado ao desenvolvimento de jogos que também detém nomes como a Naughty Dog (da franquia “Crash Bandicoot” e “The Last of Us”).

O primeiro jogo do estúdio, de 2014, foi “Entwined”, nome que pode ser traduzido para “entrelaçados”. Numa estética bem mais experimental que “Concrete Genie”, o jogador controla um pássaro e um peixe estilizados num cenário etéreo. A recepção do game pelos críticos não foi das melhores.

O novo jogo da Pixelopus, lançado em 9 de outubro de 2019, já acumula resenhas positivas. “Concrete Genie” não é filme, mas está no IMDb, base de dados virtual do audiovisual, e, até o fechamento desta edição, tinha uma nota bem favorável —7,2, baseada em 17 avaliações de usuários.

No site, filmes e animações puro-sangue costumam ter uma quantidade de avaliações exponencialmente maior, mas fica aqui uma comparação: “Onde Vivem os Monstros”, de Spike Jonze, tem nota 6,7 e “A Noiva-Cadáver”, de Tim Burton, tem 7,3.

Concrete Genie

  • Onde Disponível para PlayStation 4
  • Preço R$119,90
  • Produção EUA, 2019
  • Direção Dominic Robilliard
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