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Televisão Maratona

'Modern Love' é um dos investimentos de maior calibre da Amazon

Série tem no elenco Anne Hathaway, Dev Patel, Tina Fey e John Slattery

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Modern Love

  • Quando Disponível na Amazon Prime Video a partir de sexta (18)
  • Elenco Dev Patel, Tina Fey e Anne Hathaway
  • Produção EUA, 2019

Desde 2004, a coluna “Modern Love” tem sido uma ilha solar em meio a um noticiário tantas vezes inóspito no jornal The New York Times. A partir de sexta, os delicados ensaios de colaboradores editados por Daniel Jones exercerão esse efeito de bálsamo em quem busca alento televisivo para dias de desencanto.

A série homônima que a Amazon Video produziu com base na coluna (depois podcast) sobre as variadas dimensões do amor parece, pelos três episódios mostrados à imprensa, um tantinho mais doce que os ensaios. 

No primeiro deles, por exemplo, sobre uma garota que tece com o porteiro de seu prédio em Nova York uma relação paternal, a série reserva um olhar terno à amizade entre os dois (Cristin Milioti, a mãe de “How I Met Your Mother”, e Laurentiu Possa).

Deixa de fora, contudo, um aspecto que torna especial o texto de origem, o abismo entre o mundo dela e o dele, um imigrante albanês fugido na juventude dos campos de trabalhos de uma ditadura. 

O sumiço de elementos em textos transpostos à tela é esperado, mas, neste caso, suprimir tons soturnos da história mata um aspecto do que seria a essência de Nova York e até daquilo que imaginamos ser amor: a possibilidade constante de permitir que vidas tão díspares confluam para um ponto, em harmonia.

Há tristezas, claro, porque elas são inevitáveis, como sublinha o episódio final, “A Corrida É Melhor Perto da Última Volta”, sobre uma viúva (Jane Alexander, magnífica) que tromba com outro viúvo (James Saito), se casa e enviúva novamente —não é spoiler, a situação é revelada de cara. Mas, eis o caráter solar, a sensação quando sobem os créditos é de alma aquecida. 

Outro aspecto que “Modern Love” mantém é a polifonia do amor. Não só por colocar lado a lado pessoas de idade, cor, gênero, origem e natureza diversas, mas também por mostrar um sentimento bem maior do que o amor romântico.

Em outro dos episódios, “O Mundo dela Era para Uma”, um casal gay (Brandon Kyle Goodman e Andrew Scott, o padre gato de “Fleabag”) quer adotar o bebê de uma jovem que vive nas ruas (Olivia Cooke).

Um roteirista preguiçoso seria tentado a apoiar a história no casamento ou mesmo na maternidade/paternidade, mas o escritor Dan Savage e o diretor John Carney, que assina metade dos episódios, enfocam ora o laço que eles constroem com a a mãe do bebê, uma desconhecida, ora a relação libertadora que essa mulher tem com o amor.

Os demais episódios trazem atores conhecidos (Tina Fey, John Slattery, Anne Hathaway, Dev Patel) para ganhar a empatia imediata do espectador, e diretores como a britânica Sharon Horgan (criadora da ótima “Catástrofe”). 

É um dos investimentos de maior calibre da Amazon, e uma seara promissora para o New York Times (outra coluna do jornal, “Diagnóstico”, virou série na Netflix) em tempos em que informar desalenta.

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