O Scorpions começou sua apresentação na noite metal do Rock in Rio de forma ingrata. O Iron Maiden, banda principal, pediu para tocar antes e, após o show dos ingleses, houve a tradicional queima de fogos que normalmente só acontece no final de tudo.
Mas, se houve uma debandada do público na meia hora de intervalo, era por cerveja. A maioria ficou pelos alemães e seu rock agudo. Fizeram bem, muito bem.
O cantor Klaus Meine, de 71 anos (!), que esteve no Rock in Rio de 1985, não demorou a saudar o Brasil, já na entrada. E durante a segunda canção, a bandeira verde e amarela não saiu do telão.
Com “The Zoo”, Klaus mostrou que a idade não acabou com sua voz, que alcançava o som ardido típico da banda no disco “Animal Magnetism”, de 1980.
A quarta canção, instrumental, foi colocada provavelmente para o cantor descansar a garganta. Já o guitarrista Matthias Jabs, com um sorriso de orelha a orelha, exibiu sua velha guitarra verde estampada com a bandeira brasileira.
Ele a tinha encomendado para a Gibson especialmente para o festival de 34 anos atrás e, após aquele show, presenteou o criador do Rock in Rio, Roberto Medina, com o instrumento. Medina a devolveu há alguns meses. O público amou.
O Scorpions seguiu com um medley com quatro de suas músicas dos anos 1970. A banda foi formada em 1965 pelo outro guitarrista, Rudolf Schenker, em Hanover, e lançou seu primeiro LP em 1972, sempre cantando em inglês.
Logo outra instrumental foi puxada e para o repouso do velho. Mas aí amor ao Rio não pode mais ser contido.
“É inacreditável, a gente estava aqui em 1985”, falou Klaus, engatando à capela “Xidade maravilhosa, cheia de encantos mil, xidade maravihosa, coração do meu Brasil”.
“Que linda canção para uma cidade tão linda”, derreteu-se. E logo chegou à sua maior composição, “Wind of Change”, um símbolo da queda do Muro de Berlim, em 1989.
O público brasileiro a cantou inteirinha, no momento mais bonito do festival até agora. Como os alemães orientais e ocidentais na ocasião, metaleiros de bandas rivais se abraçavam, não vou dizer com lágrimas nos olhos, mas com emoção.
A sensacional “Blackout”, de 1982, com voz perfeita e agudíssima de Klaus e executada com entrega pela banda, foi a senha de que o show se encaminhava para a parte final, com os grandes hits de 1984.
Foi com o álbum “Love at First Sting”, daquele ano, que o Scorpions flertou pela primeira e última vez com a possibilidade de ser uma das grandes bandas de rock do mundo. Foi, aliás, o que credenciou os escorpiões para o primeiro Rock in Rio de 1985.
Dito e feito, o show termina com três canções do disco: “Big City Nights”, a grande balada “Still Loving You” e “Rock You Like a Hurricane”. Não poderia ser melhor. O público dança e vibra. Esses alemães das antigas ainda têm uma picada boa.
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