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Will Smith foge de Will Smith em longa que rejuvenesceu o ator digitalmente

Ang Lee, diretor de 'Projeto Gemini', pediu que astro de 51 anos atuasse pior em sua versão de 23 anos

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Los Angeles

Consagrado com duas estatuetas do Oscar de direção por “O Segredo de Brokeback Mountain” e “As Aventuras de Pi”, o cineasta taiwanês Ang Lee fez um pedido inusitado para Will Smith, seu protagonista na ficção científica “Projeto Gemini”, que estreia nesta quinta (10) no Brasil: “Preciso que você atue um pouco pior”.

Lee não ficou louco. Neste novo longa, Smith, de 51 anos, precisa interpretar um assassino com sua idade real, mas também o seu jovem clone, de 23 anos, que o caça por alguma razão misteriosa.

“O problema é que Will é um ator muito melhor hoje em dia do que há 30 anos”, diz o cineasta ao lado do seu astro, em um evento para a imprensa. “Ang me mostrava algumas interpretações antigas minhas e falava: ‘Essa atuação aqui não é boa. Preciso que faça igual’. Tive de ver todas as tragédias que cometi no entretenimento”, completa Smith às gargalhadas.

Mas o grande desafio de “Projeto Gemini” passa longe de ser a busca por um Will Smith canastrão. A produção teve início em 1995, quando o roteiro de Darren Lemke, de “Shazam!”, sobre um matador perseguido por sua versão mais jovem, começou a chamar a atenção em Hollywood.

Diretores como Tony Scott, Curtis Hanson e Joe Carnahan se interessaram. A Disney, na época, desenvolveu um trabalho para tentar replicar versões mais jovens de alguns atores que poderia protagonizar o longa, casos de Harrison Ford e Arnold Schwarzenegger.

“Os testes ficaram horríveis. Tentamos rejuvenescer Jack Nicholson e foi péssimo. Chegamos à conclusão de que não seria possível fazer o filme com a tecnologia disponível. Era preciso esperar avançar ao ponto de se equiparar à criatividade do roteiro”, diz o produtor Jerry Bruckheimer, que assumiu o projeto.

Com o roteiro lapidado por David Benioff, de “Game of Thrones”, e Billy Ray, de “Jogos Vorazes”, “Projeto Gemini” ganhou nova vida com Ang Lee, que gostou da experiência de criar personagens virtuais em “Hulk” (2003) e “As Aventuras de Pi”. “Ele disse que conseguiria fazer quando viu alguns longas usando o rejuvenescimento digital. Mas ainda não estávamos prontos para um ser humano totalmente digital e ainda é muito caro”, explica Bruckheimer.

Lee faz questão de exaltar que a tecnologia usada em “Projeto Gemini”, que teve orçamento de US$ 138 milhões, não é a mesma usada em “Capitã Marvel” ou “O Irlandês”. “Criamos algo nunca visto. É um personagem virtual”, diz o cineasta sobre a criação de Júnior, o Will Smith jovem que persegue o original mais velho. “Eu queria ser o primeiro a fazer isso.”

Ao lado de uma equipe com cerca de 500 especialistas em efeitos especiais, o diretor reuniu fotos e áudios do ator com 23 anos para criar um molde digital da cara dele. Smith filmava duas vezes a mesma cena quando interagia com seu clone —uma na locação, quando o ator enfrentava um dublê que teria o rosto substituído por sua face jovem digital, e outra em estúdio, cercado por fundos verdes, com as câmeras capturando sua performance real em detalhes.

“É fascinante e perturbador imaginar você encontrando sua versão mais jovem. E isso para mim é a razão da existência do cinema”, diz Ang Lee, que ainda procurou uma encrenca maior ao filmar 120 quadros por segundo (em vez dos tradicionais 24), deixando a projeção mais nítida —mas com um visual “de novela”.

“O cinema muda constantemente. Espero que outros se unam a mim nesta experiência de imersão. Meu objetivo é retratar os momentos íntimos da maneira mais real possível. Sinto que estou próximo disso”, diz o diretor de 64 anos. “Não sei o porquê de as pessoas saltarem de paraquedas por diversão, mas deve ser o mesmo sentimento que tenho ao fazer um filme assim.”

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