"Midway: Batalha em Alto Mar" reproduz em tom blockbuster uma das batalhas cruciais na Segunda Guerra Mundial, em 1942, quando americanos e japoneses disputaram o controle de rotas no Pacífico. Mas, apesar de tanta água salgada mostrada na tela, o que transborda nesse filme antiquado é testosterona.
Agora que a tecnologia permite que atores mortos apareçam em cenas de filmes recém-produzidos, só faltou em "Midway" a recriação de John Wayne.
Já que o maior ícone da macheza no cinema não entrou na história, veteranos como Dennis Quaid e Woody Harrelson disputam quem é o mais durão. Suas atuações, assim como as dos machos mais jovens no elenco, como Ed Skrein e Nick Jonas, são caricaturas.
O diretor Roland Emmerich é incapaz de se desviar de uma trama bélica grandiosa. Aqui, troca os aliens de seu maior sucesso, "Independence Day", pela esquadra imperial japonesa.
Abre o filme com o ataque à base americana Pearl Harbor. O enredo vai cobrir os desdobramentos dessa ofensiva, que levou os Estados Unidos a entrar na guerra. Cada militar que aparece na tela é uma figura real do conflito. Essa fidelidade histórica convive com cenas realmente impressionantes de combate aéreo.
Os bombardeios são delirantes. O espectador pode se sentir mergulhando com seu avião sobre os porta-aviões japoneses. Mas esse deslumbramento visual dura pouco. Depois de uns três ou quatro confrontos, a mecânica dos voos não surpreende mais, a brincadeira repetitiva vira uma chatice. E, entre as cenas de ação, os dramas pessoais são rasos.
Ed Skrein interpreta o principal piloto americano, e exibe uma autoconfiança comparável a de Thor, o deus dos Vingadores. Seu personagem sobe no avião como quem vai varrer o Japão da face da Terra.
"Midway" se propõe a exaltar a coragem e a honra dos heróis militares americanos. Na real, é uma apologia do belicismo. Tanto aperfeiçoamento tecnológico serve a uma celebração violenta e às vezes desagradável.
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