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Cinema

'Duas Coroas' conta história de santo católico morto em Auschwitz

Com filme, a Igreja Católica parece ensaiar um contra-ataque ao avanço mundial dos neopentecostais

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Duas Coroas

  • Quando Estreia nesta quinta (28)
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Adam Woronowicz, Artur Barcis, Pawel Delag
  • Produção Polônia, 2019
  • Direção Michal Kondrat

Com “Duas Coroas”, a Igreja Católica parece ensaiar um contra-ataque ao avanço mundial das seitas neopentecostais. Um contra-ataque que começa por mobilizar o meio que os católicos melhor dominam, o cinema.

Por algumas razões pode-se presumir que este filme terá um efeito menor do que “Dois Papas”, reservado ao Netflix. Mas, com certeza, funcionará melhor do que os canais de TV promovidos pela catolicidade.

“Duas Coroas” retoma a vida, ora a partir de depoimentos, ora de documentos fotográficos, ora mesmo de representação, o que o torna uma mistura de documentário e cinebiografia, de filme e pregação.

Isto é, a vida de Maximiliano Kolbe (Adam Woronowicz), religioso franciscano elevado a santo pelo papa João Paulo 2º, é ao mesmo tempo mostrada, explicada e cultuada. Seria um santo para os nossos dias, segundo a propaganda católica.

O que seria um santo para os nossos dias? Talvez uma tentativa de tirar o pó da velha iconografia católica, com seus mártires perfurados por flechas e similares. A morte de Kolbe, no campo de extermínio de Auschwitz, fala bem, efetivamente, do que possa ser um martírio contemporâneo.

Mais: Kolbe foi um franciscano, o que significa ter feito um voto rigoroso de pobreza —e o que o aproxima do atual papa Francisco. No entanto, se nunca negligenciou os pobres e a pobreza, sua principal atividade foi na difusão da fé católica, seja na Polônia, onde criou a Milícia da Imaculada, seja no Japão, aonde buscou difundir sua fé em Nagasaki.

Como se vê, Kolbe tem atributos que o aproximam de dois papas recentes. Primeiro, João Paulo 2º pelo lado polonês (provavelmente o catolicismo mais arraigado de todo o mundo) e pela difusão da fé (em que João Paulo 2º se empenhou, embora seu pontificado tenha sido de enorme evasão de fiéis (em favor, novamente, das seitas neopentecostais). Depois, Francisco, pelo franciscanismo e sua proximidade da pobreza (que tem relação com a opção pelos pobres que João Paulo 2º abandonou), mas também pelo empenho em restituir ao termo “católico” seu significado original, de universal (o que explica o empenho do atual papa em atrair à sua igreja desde homossexuais, até eventualmente sacerdotes casados).

Em poucas palavras, “Duas Coroas” interessa seja pelo personagem, que, ao dar sua vida em troca da de outro detento em Auschwitz aceitou o martírio, como pelas repercussões que tem em sua fé.

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