Rapper Little Simz estreia no Brasil com seu disco mais pessoal

Britânica é uma das atrações do Popload Festival, que acontece nesta sexta (15), em São Paulo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Little Simz está achando São Paulo colorida e vibrante. “É muito bonita, parece que tem arte por todos os lugares”, diz a rapper britânica, que se apresenta no Popload Festival, que acontece nesta sexta (15). Talvez por vir de Londres, tão conhecida quanto a capital paulista pelo aspecto cinzento, ela tenha ficado impressionada com os grafites nas ruas brasileiras.

Mas o título de seu último álbum, “Grey Area”, não é uma referência geográfica. A expressão “área cinzenta”, na verdade, significa um espaço de indefinição que, no caso da rapper de 25 anos, é o momento da vida que ela atravessa.

menina com os olhos fechados
A rapper britânica Little Simz - Divulgação

“Definitivamente, é meu disco mais vulnerável e pessoal”, diz. “É muito honesto e sem filtros. Isso é uma coisa boa, mas assustadora ao mesmo tempo.”

“Grey Area”, lançado em março, é o trabalho mais bem-sucedido de Little Simz. Depois de bons momentos em seus dois primeiros álbuns, agora ela surge sem pudor para rimar, tratando de temas como solidão, saúde mental e a perda prematura de amigos íntimos.

“Quando estava no estúdio, escrevendo essas músicas, não pensei em quem ia ouvir ou no que iam pensar daquilo”, diz. “Eu tinha muita coisa guardada e botei tudo isso para fora.”

Até o formato do álbum reflete a mudança de abordagem. Em vez das 23 faixas —com 15 participações— do conceitual “Stillness In Wonderland”, de 2017, ela fez “Grey Area” com dez faixas, e um número muito menor de colaboradores.

“Antes, eu entrava em contato com todos os produtores, ia ao estúdio com todo mundo”, conta. “Não faço mais isso. Estou muito mais reservada em relação a isso, de certa forma.”

Little Simz fez “Grey Area” com apenas três produtores —Sigurd, Astronote e Inflo. Mas só o último deles, nome pouco conhecido mesmo em Londres, participou de todo o processo de gravação.

“Eu o conheço desde que tinha nove anos”, diz a rapper. “E isso é especial. Descobri que a música é uma experiência espiritual para mim, e não gosto de compartilhar isso com ninguém.”

menina com a mão na cabeça
A rapper britânica Little Simz - Divulgação

A conexão da dupla acabou beneficiando tanto a rapper quanto o produtor. Depois de “Grey Area”, Inflo trabalhou em outro lançamento de destaque, o disco recente do cantor de soul Michael Kiwanuka.

Com Little Simz, ele desenvolveu uma sonoridade variada, mais orgânica que a maioria do hip-hop atual, mas sem soar muito como os anos 1990. É uma arejada nas batidas eletrônicas do grime, subgênero essencialmente britânico do rap, em alta nos últimos anos.

“Ouvindo minha música, você sabe que sou britânica pelo sotaque, mas, em termos de produção, de sonoridade, poderia vir de qualquer lugar”, diz.

Nos últimos dois anos, o sucesso fez a vida de Little Simz se transformar. A rapper, que se diz uma pessoa introspectiva, confessa estar vivendo um sonho. “Só tenho saudades da minha família. Se pudesse trazê-los na mala, tudo estaria resolvido."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.