Bastam uma monocelha, um bigodinho e flores no cabelo para que qualquer pessoa logo identifique a figura de Frida Kahlo. Um dos principais exemplos recentes de ressignificação, a artista mexicana vem deixando de ser só uma pessoa para se tornar um mito. Ou melhor, um símbolo feminista.
Mulher fora dos padrões, com pelos à mostra, roupas masculinas, problemas físicos e, mesmo assim, com opiniões fortes e sexualidade aflorada, a artista se tornou prato cheio para as demandas dos tempos de MeToo —mesmo sofrendo com o relacionamento abusivo que teve com Diego Rivera.
Essa aura pop que estampa o rosto da artista em camisetas, xícaras, tatuagens e qualquer souvenir barato e faz com que ela inspire fantasias de Carnaval a torto e a direito passou a gerar também outro efeito: a mexicana virou um improvável símbolo infantil.
Frida Kahlo gerou uma espécie de "Fridinha" —personagem que, para crianças, ignora a parte em que ela se autorretratava nua ou sangrando por causa de um aborto e prioriza temas como a aceitação e a diversidade para passar mensagens de igualdade de gênero e protagonismo, sobretudo para meninas.
Se no universo adulto ela é uma metáfora do feminismo contemporâneo, no mundo infantil ela é a alternativa possível para quem já não engole as princesas da Disney. É um estandarte de uma época em que subverter moldes e limites está na moda.
Frida aparece, por exemplo, no best-seller "Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes", teve vida e obra apresentadas em livros ilustrados de editoras como Sur e Autêntica e protagonizou a peça "Pequena Magdalena", para citar alguns.
Não se assuste se em breve surgirem festas infantis com crianças de monocelha e coroas de flores como lembrancinha. Torça para ter guacamole.
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