O governo de São Paulo anunciou a negociação de um acordo de parceria entre a TV Cultura e a Netflix para viabilizar a produção de 30 produtos com conteúdo brasileiro em 2020.
O gigante americano de streaming já havia anunciado um investimento de R$ 350 milhões em filmes e sérias nacionais, mas identificou um gargalo de produção dos pequenos estúdios brasileiros.
“A Cultura pode oferecer estúdios e mão de obra para suprir essa demanda. Faremos o acerto de uma forma a equalizar o investimento que venha a ser feito”, disse o governador tucano João Doria, que está visitando empresas de audiovisual e tecnologia na Califórnia.
Doria disse que a Netflix quer montar estúdios junto à sua sede em Alphaville, na Grande São Paulo, e que a Cultura poderá construir os espaços para abrigar as produtoras locais a serviço da empresa americana.
Não há ainda nenhum compromisso assinado entre as partes.
Segundo o secretário de Cultura paulista, Sérgio Sá Leitão, a ideia é que a Cultura faça acordos semelhantes com outras plataformas de streaming. “São sete grandes nessa área, não podemos ficar para trás”, disse.
Antes da visita à Netflix, em Los Angeles, a comitiva se reuniu com uma dessas gigantes, a AT&T. Aqui, a promessa de investimento de R$ 1 bilhão em conteúdo local brasileiro faz parte de um jogo de pressão mais complexo.
A empresa é dona da Warner Media e está finalizando a compra do estúdio HBO. “A compra foi aprovada em 17 países, só falta o Brasil”, disse o secretário.
O investimento só pode se viabilizar se a Anatel, a Agência Nacional de Telecomunicações, aprovar a fusão das empresas —no Brasil, a AT&T é dona da provedora de conteúdo Sky.
“Espero que a Anatel aprove o negócio na próxima reunião do próximo dia 12”, disse Doria.
É uma estratégia. A lei das TVs a cabo brasileira é anterior ao cenário em que gigantes de tecnologia e comunicação passaram a oferecer conteúdo, então o negócio pode ser visto como concentração de mercado e propriedade cruzada.
A tendência, se a Anatel aprovar o negócio, é uma judicialização que deve forçar o Congresso a analisar a atualização da lei, que está parada na Câmara.
O jornalista Igor Gielow viaja a convite da CNI
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