Em 2015 estreava na Broadway o revival de “The Color Purple”, musical baseado no romance e no filme homônimos de Alice Walker e Steven Spielberg, respectivamente. Sob a produção da apresentadora e empresária Oprah Winfrey, levou dois prêmios Tony e emocionou milhares de espectadores —entre eles, o diretor e produtor paulista Tadeu Aguiar.
“Eu não consegui me levantar no intervalo. Fiquei lá sentado, chorando e impactado”, conta Aguiar, que agora produz e dirige a versão brasileira do espetáculo, que estreia em São Paulo nesta sexta (6) após temporada no Rio de Janeiro.
Com elenco formado por 18 atores negros, o musical é, na visão de Aguiar, um ato político. "Está em cena um elenco todo de negros falando de temas como masculinidade tóxica, machismo, feminicídio e representatividade. Isso para mim é política”, diz o diretor que, em 2016, já havia montado um elenco formado completamente por atores negros na encenação de “Love Story.”
Ele escalou para a sua produção de “A Cor Púrpura” a cantora e atriz Jennifer Nascimento enquanto ela ainda concorria à final do programa PopStar, da Rede Globo.
Nascimento deixou a produção para protagonizar “Summer”, musical sobre a vida e a obra de Donna Summer, que chega ao Brasil em 2020 sob a direção de Miguel Falabella. No seu lugar foi escalada a atriz e cantora Letícia Soares, que, aos 37 anos, interpreta sua primeira protagonista e acredita que isso seja um sinal dos novos tempos
“Estou em São Paulo há seis anos fazendo musical e, com exceção de ‘O Rei Leão’, não tinha visto essa efervescência. E apesar do momento político, fico feliz, porque tenho visto novos artistas que se parecem comigo”, afirma a atriz.
Aos oito anos, Soares entrou em contato pela primeira vez com a história da jovem Celie, que é estuprada pelo pai aos 14 anos, e dá à luz dois filhos, dos quais é separada e, para aplacar sua solidão, escreve cartas que não envia. “Imagina uma criança vendo isso, era muito impactante. Era o filme favorito da minha tia e ficou guardado em mim”, relembra.
“Uma história como essa, que mostra a trajetória do enfrentamento da violência, da força do feminino, é muito importante sobretudo porque as pessoas estão pouco dispostas a ouvir, se baseando em verdades absolutas sem fundamento e sem diálogo”, diz a atriz que pretende voltar a se aventurar como produtora.
“Não dá para esperar que botem palavras nas nossas bocas. Se não tiver audição, canto na praça. A arte dá um jeito de acontecer. A partir do momento que você é tocado, não vive sem ela”, diz Soares
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