Após ano sem temporada fechada, Municipal de SP aposta alto em 2020

Teatro promete 'Aida' dirigida por Bia Lessa, ópera inspirada em Walter Benjamin e balé baseado em Bispo do Rosário

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São Paulo

Este ano de 2019 não foi fácil para a principal casa de música clássica da cidade. Com crises e disputas na gestão —com a prefeitura investigando as contas da organização social que gere o local— e a troca de seu diretor artístico no começo do ano, o Theatro Municipal de São Paulo amargou uma temporada aos
trancos e barrancos e sem programas de assinaturas.

Mas Hugo Possolo, que assumiu a casa da praça Ramos de Azevedo em fevereiro, teve tempo para respirar fundo e entregar uma programação para 2020 de tirar o fôlego.

Com ela, voltam as assinaturas das temporadas lírica, que terá seis óperas, e sinfônica, com 16 programas. Ainda não foram divulgados, porém, os pacotes e preços, que devem começar a ser vendidos em janeiro.

Possolo diz que pensou atrações que possam dialogar com o Brasil de agora. Exemplo disso são os espetáculos operísticos da série Novos Modernistas, que envolve os corpos artísticos da casa paulistana em projetos que preparam as comemorações do centenário de 1922.

Em breve deve ser anunciada a comissão responsável pela programação das celebrações oficiais em 2022.

Em abril, “Guarany em Chamas” retoma o clássico de Carlos Gomes para falar de desmatamento e da situação atual dos povos indígenas, sob direção de Marco Antonio Rodrigues, um dos fundadores do grupo Folias d’Arte e do teatro Galpão do Folias.

Já em julho, a Carmen de Bizet será revisitada de uma perspectiva feminista em “Carmen Desconstruída”.

"Carmen" apareceu, segundo Possolo, como a obra que os frequentadores do Theatro mais querem ver. 

E esses frequentadores estão cada vez mais renovados. Segundo uma pesquisa encomendada pelo Instituto Odeon, que gere o Theatro, 42% dos espectadores foram ao local pela primeira vez, contra 34% em 2018. A pesquisa, que ouviu 579 pessoas entre setembro e novembro, foi feita pela AGP Pesquisas Estatísticas. A margem de erro é de 4 pontos percentuais em intervalo de confiança de 95%. 

Fazem companhia a Peri, Ceci e à cigana com amor de pássaro rebelde duas montagens de óperas consagradas dirigidas por mulheres. Bia Lessa faz sua versão de “Aida”, de Verdi, e Lívia Sabag apresenta a sua para “Don Giovanni”, de Mozart.

Pela primeira vez em sua história o Theatro apresenta óperas feitas sob encomenda. Num programa duplo,  duas obras baseadas nas peças de Plínio Marcos: "Navalha na Carne", com composição de Leonardo Martinelli, e "Homens de Papel", de Elodie Bouny.

Depois da ópera americana “Prism”, neste ano, será a vez, em setembro de 2020, de “Benjamin”, encenada em Hamburgo em 2018, inspirada na vida do filósofo Walter Benjamin.

Há ainda a estreia de uma coreografia de Jorge Garcia inspirada no artista plástico Bispo do Rosário e uma homenagem aos 40 anos do álbum “Clara Crocodilo”, de Arrigo Barnabé, num espetáculo que reúne bonecos e a Orquestra Experimental de Repertório.
 

Esquentando o violino para o ano que vem

Óperas

- Em março, Bia Lessa dirige ‘Aida’, de Verdi

- Programa duplo de ‘Navalha na Carne’ , de Leonardo Martinelli, e ‘Homens de Papel’, de Elodie Bouny

- Lívia Sabag dirige ‘Don Giovanni’, de Mozart

- Com libreto em português, Hugo Possolo dirige ‘Benjamin’, do alemão Peter Ruzicka, que estreou em 2018

- Em novembro será montada ao ar livre ‘Fidelio’, única ópera de Beethoven 

- ‘O Morcego’, de Strauss Filho, encerra a temporada

Concertos

- Terceira Sinfonia de Mahler é regida por Roberto Minczuk em março

- ‘Cristo no Monte das Oliveiras’, oratório de Beethoven; em dezembro serão executados os cinco concertos para piano e as nove sinfonias do alemão

- ‘Concerto para Dois Tímpanos’, de Philip Glass

- ‘Sinfonia dos Salmos’, de Igor Stravinsky

E ainda

- ‘Navio Negreiro’, de Castro Alves, ganha encenação com orquestra e coral

​- ‘Carmen Desconstruída’ traz nova versão de Bizet   

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