Descrição de chapéu Filmes

Com Jennifer Lopez, filme dirigido por feminista mostra crimes de strippers

'As Golpistas' conta história real de gangue que enganava engravatados

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Em junho de 2014, Samantha Barbash estava usando um caixa eletrônico de rua em Nova York quando chegaram policiais e a prenderam. Mais tarde, foi a vez de Roselyn Keo. Quando levada, ela flertou com um dos policiais, que recusou o convite dizendo que jamais sairia para beber com ela. Em dezembro de 2015, os Estados Unidos descobriram o porquê.

Samantha e Roselyn comandavam um grupo de mulheres que seduziam homens de Wall Street, punham drogas em suas bebidas e roubavam milhares de dólares a cada noite.

As duas são as personagens principais de uma reportagem da jornalista Jessica Pressler publicada na revista New York em 2015 e que agora inspira o roteiro de “As Golpistas”, que estreia nesta quinta.

No filme de Lorene Scafaria (“Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo”), Jennifer Lopez encarna Samantha, ali renomeada Ramona, uma stripper experiente e cheia de clientes fiéis que recruta a novata Destiny (a Roselyn da vida real), vivida por Constance Wu, para ajudá-la nos roubos.

As strippers são retratadas como mulheres batalhadoras que cresceram em famílias pobres e, aplicando golpes em figurões do sistema financeiro, acabam despertando a simpatia e a torcida de um público que viveu o escândalo das hipotecas e viu movimentos como o Occupy Wall Street.

Mas elas não são como Robin Hood, e o dinheiro tomado de engravatados não vai para a caridade, mas para apartamentos enormes, casacos de pele e bolsas de marca.

“Ninguém merece ser roubado”, diz Scafaria, que dirige e roteiriza o longa, em entrevista por telefone. “Mas a ideia defendida por Ramona é que essas pessoas estão roubando do país.”

“Não acho que alguém que cometa crimes possa ser herói”, continua ela, “e não acho que o filme pinte ninguém como herói ou vilão, mas mostra que limites são cruzados num mundo de necessidades.” 

Um filme com mulheres tirando a roupa em palcos e em salas privativas de boates pode despertar a desconfiança de feministas. Mas é curioso perceber como as sequências dirigidas por Scafaria não parecem submeter as mulheres ao olhar devorador do espectador, ainda que atrizes, e a cantora Cardi B —que faz parte do elenco—, mas sobretudo Jennifer Lopez, estejam lindas e deslumbrantes.

“Este é um filme de uma perspectiva feminina, então, por exemplo, a cena da dança de Jennifer Lopez é a partir de seu olhar, de como ela tem o espaço sob seu controle”, diz Scafaria. 

“O público é como quem está naquele espaço, é posto sob seu controle também. O que eu queria sublinhar era poder e força nessas cenas.” 

Scafaria, que se define como uma feminista interseccional (que leva em conta, além de gênero, classe e raça), diz que, quando os produtores a procuraram com a ideia do filme, achou “que seria uma ótima oportunidade para falar de gênero, economia, e a mulher no capitalismo”.

Entre os produtores de “As Golpistas” está Adam McKay, o cineasta que ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado por “A Grande Aposta”, que trata, justamente, do escândalo da hipoteca no mercado financeiro americano.

Assim como o filme de McKay —que também dirigiu “Vice”—, “As Golpistas” tem momentos de humor e sarcasmo.

“O objetivo era apontar o dedo para um aspecto de nossa cultura”, diz Scafaria. 

“Podemos fazer isso com um pouco de risada, mas não é uma comédia, não tem um final feliz”, completa ela. 
 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.