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Especial de 2019 não traz grandes novidades, mas confirma o reinado de Roberto Carlos

'Além do Horizonte' reúne números de shows na Europa, nos EUA e no Brasil

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Desde que Roberto Carlos deixou de lançar um álbum de inéditas todo ano, lá se vai uma década e meia, seu especial natalino se tornou o momento em que ele nos presenteia com alguma novidade. Por pequena que seja: um dueto com Anitta ou Jennifer Lopez, a versão robertiana do sucesso de outro cantor ou um de seus clássicos cantado em outro idioma.

A verdade é que seu público fiel não faz questão de nada disso. Quer mesmo é ouvir “Emoções”, “Detalhes”, “Proposta”. Músicas que ninguém se lembra direito de quando foram lançadas, pois parecem estar aí desde sempre. Não marcaram nenhuma época específica: marcaram vidas.

Por que, então, torrar tempo e dinheiro produzindo um especial que não depende de nenhuma pirotecnia para dar audiência? É o que devem ter se perguntado os executivos da Globo —ainda mais nesses tempos de vacas relativamente magras. Afinal, quando se trata de Roberto Carlos, tudo já foi feito, não há muito o que acrescentar. O que seus fãs querem é só mais do mesmo.

E assim, pela primeira vez em muito tempo, a emissora não convocou seu elenco de estrelas para aplaudir um show pensado para a TV, nem chamou o cantorzinho do momento para dividir o palco com o Rei.

“Além do Horizonte”, o especial de 2019 de Roberto Carlos, é uma colagem de números apresentados em turnês na Europa, nos EUA e no Brasil, costurados por alguma locução em off do próprio. O único convidado é Erasmo Carlos, o parceiro da vida inteira. Ponto.

Funciona? Muito. Aos 78 anos, Roberto permanece em pleno controle de seus dotes como intérprete e showman. Está cantando melhor do que nunca, alterando sutilmente os fraseados com a voz afinadíssima. Também sabe levar a plateia à loucura, fazendo senhoras que já são avós se comportarem feito suas netas púberes.

O repertório consagrado vai se desenrolando aos poucos, em arranjos familiares ou ligeiramente modificados – mas nunca, jamais, em hipótese alguma, a ponto de causar estranheza. Roberto Carlos é o trivial (pouco) variado, o arroz com feijão muito bem temperado, a zona de conforto onde o Brasil se aninha.

Em Curitiba, Roberto e Erasmo apresentam uma nova parceria: a boa “Maria e o Samba”, prometida para um futuro disco de inéditas. Virá? A essa altura, nem importa mais.

Seria maravilhoso se ele ainda se arriscasse como artista. Se experimentasse coisas novas, se aventurasse pelo reggaetón ou lançasse um feat com Criolo e Gloria Groove.

Não vai rolar. Não precisa: Roberto segue no auge. Nós é que estamos envelhecendo. O Rei vive, viva o Rei.

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