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'Para mim já deu', diz J. J. Abrams, a mente por trás do novo Star Wars

Para diretor, principal desafio do último longa era fazer justiça a tudo o que foi produzido em mais de 40 anos de saga

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São Paulo

J. J. Abrams é o nome mais poderoso no universo geek a pisar em qualquer edição da CCXP. Horas antes de ter participado da Comic Con Experience em São Paulo, no último dia 7, ele recebeu a Folha para uma entrevista. 

Aparentando menos do que seus 53 anos, Abrams é o poderoso chefão dos nerds. Foi responsável pelas séries “Alias”, “Fringe” e “Lost”, depois migrou para o cinema e deu nova vida às franquias “Missão: Impossível”, “Star Trek” e, claro, “Star Wars”, assumindo a terceira e última trilogia da saga.

Desde o sétimo filme, “O Despertar da Força”, de 2015, Abrams teve de lidar com o destino final dos personagens criados por George Lucas, o pai de “Star Wars” e seu antecessor no trono da cultura geek. Ele dirigiu e escreveu aquele filme, depois entregou a direção a Rian Johnson no oitavo episódio, “Os Últimos Jedi” (2017).

Em 2019, voltou à direção e ao roteiro, com a tarefa de fechar a saga sem reclamações posteriores e, talvez, dar condições para que os personagens mais jovens da trama possam continuar suas aventuras.

“Acho que as duas coisas são bem difíceis”, diz o diretor. “Construir os personagens dentro do espírito que engloba toda a saga era o mais importante, para esses dois objetivos. Os personagens precisam ser coerentes para que carreguem até o final o mesmo perfil e, fazendo isso, fiquem fortalecidos para, quem sabe, voltarem em outros projetos.”

Ele diz que, apesar de todo o potencial de novas etapas de “Star Wars” nas telas, não se vê tocando outros filmes da franquia. “Pra mim já deu. Fico muito feliz de ter estado envolvido com tudo isso. O principal desafio dessa conclusão era contar uma história que fizesse justiça a tudo que foi produzido em mais de 40 anos. Tínhamos pouco mais de duas horas para dar a cada personagem uma despedida marcante. Para manter vivo o espírito de cada personagem.”

Segundo Abrams, tocar uma franquia que já está andando, e tão bem-sucedida, é diferente de outras produções. “Foi um trabalho praticamente guiado por uma lista. Tínhamos que conferir cada item. Ver o que estava faltando revelar de Rey, de Kylo Ren, de Finn.”

O diretor diz que passou praticamente sete anos pensando nesse encerramento. “É um desafio que começou no início dessa terceira trilogia, mas agora era nossa última chance de falar deles. Nada que um dos personagens tivesse dito nos outros filmes poderia permanecer como duvidoso para a plateia. Isso é o que mais me assustou no trabalho, mas também foi a missão mais excitante possível.”

Filmes como “Star Wars” utilizam as tecnologias mais modernas disponíveis. Assim, numa saga que teve seu primeiro filme em 1977, os saltos de esplendor tecnológico são evidentes. Quando o repórter conta que seus sobrinhos reclamam ao ver os primeiros filmes, dizendo que “nada acontece”, Abrams praticamente dá um pulo na poltrona e levanta a voz, fingindo indignação.

O diretor J.J. Abrams, um dos nomes mais poderosos do universo geek - Mario Anzuoni/Reuters

“Como assim ‘nada acontece’? Me dê o número de seus sobrinhos, vou ligar para eles já”, ele ri. “Realmente, é um caso de ritmo mais lento, muito mais do que uma questão de estilo. Temos 42 anos transcorridos entre esses filmes. É como você adaptar um conto de fadas a novas épocas.”

Abrams acrescenta à evolução tecnológica uma mudança na percepção da plateia. “Gerações novas estão mais expostas a aventuras em que tudo acontece de um modo intenso, rápido. Os filmes estão sendo criados para garotos acostumados às respostas instintivas que um bom videogame exige. Mas acho que a história de ‘Star Wars’, que é uma profissão de fé, de esperança, segue forte por todos os nove filmes.”

Star Wars” continua a produzir itens variados para seus seguidores. Livros, HQs, brinquedos, games, séries de TV, desenhos animados. Num mundo em que o entretenimento doméstico só cresce, será que Abrams vê alguma chance de a magia de “Star Wars” permanecer mesmo sem novos longas para o cinema?

“É claro que pode sobreviver, mas para mim os filmes ainda são a maior possibilidade de impacto. Acho que, naturalmente, o ser humano precisa de grupos, gosta de compartilhar as coisas boas.

Tudo bem você fazer em casa uma experiência de realidade virtual, mas estar numa sala escura com muitas pessoas, seus parceiros naquele momento, isso é o mais importante.”

“Isso cria o senso de comunidade que só filmes como ‘Star Wars’ conseguem alcançar”, prossegue. “A saga tem muito a oferecer. Aventura, ação, fantasia, romance, comédia, surpresas e grandes momentos de emoção. Fala de esperança. São coisas que ficam mais poderosas quando você sente outras pessoas a seu lado tendo as mesmas reações.”

Erramos: o texto foi alterado

Em versão anterior, os desenhos dos personagens Cliegg Lars e Luke Skywalker estavam invertidos. A ilustração foi corrigida. 

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