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Desfiles de alta-costura em Paris tentam levar feminismo às passarelas

Começou nesta segunda-feira (20) na capital francesa a temporada de desfiles da alta-costura

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Silvano Mendes
Paris | RFI

Começou nesta segunda-feira (20) em Paris a temporada de desfiles de alta-costura. A maison Dior abriu a semana com uma coleção inspirada no trabalho da artista feminista americana Judy Chicago e, mais uma vez, marcada por um discurso feminista. 

Desde que assumiu a direção artística da maison Dior em 2016, a italiana Maria Grazia Chiuri mostra, a cada desfile, que quer entrar para a história da moda como a primeira mulher a dirigir a famosa marca parisiense. O estilo romântico e a feminilidade frágil da grife vem mudando aos poucos para dar lugar a um tom cada vez mais militante, como atestou a camiseta com os dizeres “We should all be feminists” (todos nós devemos ser feministas), inspirada em texto da artista Chimamanda Ngozi Adichie, que logo virou um best-seller.

E nesta temporada não foi diferente, já que a maison organizou seu desfile em colaboração com Judy Chicago. A artista americana, que ficou conhecida nos anos 1970 por sua instalação “The Dinner Party”, na qual evidenciava o papel das mulheres na história, imaginou uma instalação para acolher o desfile da Dior. 

Montada nos jardins do museu Rodin, onde a marca tradicionalmente apresenta suas coleções, a obra —que a artista chama de deusa— parecia de longe uma escultura gigante, tombada na grama, na qual os convidados entravam, como em um ventre. Do lado de dentro, bandeiras com frases do tipo "E se as mulheres governassem o mundo?" ou "Deus pode ser uma mulher" decoravam o espaço, que não foi desmontado após o desfile e poderá ser visitado até o dia 26 de janeiro. 

Maria Grazia Chiuri insistiu no fato de que o papel da mulher na sociedade vai muito além da função reprodutiva. “Sua vida não é pré-determinada. Eu sou muito feliz por ser mãe, mas essa não é a única coisa que eu sou”, disse. 

Coincidência do calendário, o desfile acontece um dia após milhares de pessoas irem às ruas em Paris contra a reprodução assistida para mulheres homossexuais.

Na passarela, o público pôde apreciar os 77 looks cuja inspiração greco-romana saltava aos olhos, entre drapeados, arranjos de cabeça e acessórios em forma de folhas douradas. Franjas e fios metálicos completavam alguns vestidos, apresentados por modelos que deixaram de lado o salto alto habitual das passarelas e davam a impressão de deslizar com suas sandálias rasteiras. 

Algumas peças remetiam aos códigos da maison, como os tailleurs e vestidos com a cintura mais marcada, criando o efeito visual de ampulheta característico da marca desde 1947. Mas boa maior parte da coleção também abusava das transparências, propondo dianas modernas que certamente serão vistas nos tapetes vermelhos nos próximos meses.  

Também desfilaram nesta segunda-feira no calendário oficial as marcas Schiaparelli, Iris Van Herpen, Georges Hobeika, Rabih Kayrouz, Ralph&Russo, Antonio Grimaldi, Giambattista Valli, Azzaro Couture e Ulyana Sergeenko. A terça-feira começa com a maison Chanel e termina com Givenchy. Já na quarta-feira Jean Paul Gaultier fará seu último desfile. O estilista anunciou na semana passada que iria deixar as passarelas após esta temporada. 

Os desfiles da alta-costura vão até quinta-feira (23).

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