Em 28 de janeiro de 1997, foi aprovada em primeira votação na Câmara a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que promovia o direito à reeleição do presidente, dos governadores e dos prefeitos.
A PEC do deputado federal José Mendonça Filho (PFL) foi novamente endossada pela Câmara no mês seguinte.
Para a satisfação do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que seria beneficiado pela mudança, tudo indicava que a proposta seria sacramentada pelo Senado, sem sobressaltos. Não foi bem assim, contudo.
Os dois mandatos de FHC (1995 a 1998 e 1999 a 2002) são tema do volume 25 da Coleção Folha - A República Brasileira. Escrito pelo historiador Dirceu Franco Ferreira, o livro chega às bancas neste domingo, dia 1° de março.
Em maio de 1997, em meio à tramitação da PEC, a Folha publicou uma reportagem que abalou a cúpula política de Brasília. Baseado em conversas gravadas obtidas pelo jornal, o texto revelava que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL, tinham negociado seus votos por R$ 200 mil.
Naquele momento, a proposta de reeleição esteve sob ameaça. A oposição ao governo FHC pediu a abertura de uma CPI para apurar o escândalo.
No entanto, vários nomes influentes se mobilizaram para barrar a investigação, como Michel Temer (PMDB), na época presidente da Câmara. O parlamentar impediu que a CPI fosse adiante. Geraldo Brindeiro, então procurador-geral da República, não deu andamento às denúncias, o que lhe valeu o apelido de engavetador-geral da República.
Em junho de 1997, a PEC foi aprovada, o que permitiu a reeleição de FHC no ano seguinte.
Passada uma década, o ex-presidente tucano disse que havia “provavelmente” acontecido compra de votos, mas que essa ação não teria sido feita pelo governo ou pelo seu partido, o PSDB.
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