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Filme iraniano que critica pena de morte vence Urso de Ouro no Festival de Berlim

'DAU. Natasha', que mostra sexo explícito e cenas altamente violentas, ganhou prêmio de contribuição artística

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Berlim

O Festival de Berlim terminou com ares fortemente políticos. O longa “There Is No Evil”, do iraniano Mohammad Rasoulof, ganhou o Urso de Ouro. A trama é dividida em quatro partes, todas versando sobre questões relativas ao significado de pessoas matarem outras pessoas —é uma grande crítica à pena de morte no Irã.

O cineasta não foi a Berlim por ter seu passaporte recolhido pelo governo do Irã —o diretor já teve diversos problemas com autoridades do país por conta de sua visão crítica a questões políticas iranianas. Mesmo não estando presente, o cineasta foi aplaudido pela plateia na premiação.

"Espero que esse Urso possa abraçar meu amigo e dizer: 'Mohammad, você não está sozinho'", disse Kaveh Farnam, produtor de "There Is No Evil", ao receber o troféu.

mulher atrás do Urso de Ouro, premiação do Festival de Berlim de cinema
Baran Rasoulof, filha do diretor Mohammad Rasoulof, cujo filme 'There Is No Evil' venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim - REUTERS

“Never Rarely Sometimes Always”, da americana Eliza Hittman, ganhou o grande prêmio do júri. O filme, que mostra uma jovem que viaja com a amiga para fazer um aborto, foi um dos mais elogiados pela crítica.

 

A cineasta agradeceu aos médicos que trabalham para realizar a prática abortiva em lugares nos Estados Unidos onde o aborto é permitido. “Quero agradecer a essas pessoas pelo seu trabalho incrível que fazem pelo nosso país”, disse a cineasta.

O sul-coreano Hong Sang-soo ganhou um merecido prêmio de melhor direção por “The Woman Who Ran”. O filme mostra conversas cotidianas entre amigas sobre assuntos diversos, mas sobretudo a respeito de uma vida a dois.

A protagonista é uma mulher que está casada há cinco anos, mas que teve pouquíssimos momentos longe do cônjuge. Em seu primeiro dia com a chance de ficar só, ela tem a oportunidade de avaliar melhor sua vida.

O italiano Elio Germano ganhou um inquestionável prêmio de melhor ator, por “Volevo Nascondermi”, dirigido pelo compatriota Giorgio Diritti, em que interpreta o artista naïf Antonio Ligabue, que tinha problemas físicos e mentais mas que sonhava em levar uma vida burguesa normal.

E a melhor atriz foi a alemã Paula Beer, também por uma notável atuação, em “Undine”, do alemão Cristian Petzold, sobre uma história de amor intenso, inspirada na criatura mitológica Ondina.

Os irmãos italianos Fabio e Damiano D’Innocenzo ganharam o prêmio de melhor roteiro por “Favolacce”, filme com ares de fábula cotidiana, sobre a vida de famílias moradoras do subúrbio de Roma. O longa também é dirigido pela dupla.

A comédia francesa “Effacer l’Historique”, de Benoît Delépine e Gustave Kervern, ganhou um prêmio especial da 70ª edição da Berlinale —o longa aborda a dependência do mundo contemporâneo das redes sociais.

O prêmio de contribuição artística foi para o alemão Jürgen Jürges, diretor de fotografia do polêmico “DAU. Natasha”, dos russos Ilya Khrzhanovski e Jekaterina Oertel. O longa é o primeiro do ambicioso projeto DAU, que recriou em estúdio por dois anos ambientes da União Soviética do auge do stalinismo, com a equipe vivendo ali como se estivesse naquele período.

Causou polêmica por mostrar sexo explícito e cenas altamente violentas. Segundo o presidente do júri, Jeremy Irons, o longa obteve reações extremas dos jurados. O diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho (de “Bacurau”) foi um dos integrantes do júri.

O Brasil também esteve representado em “Los Conductos”, do colombiano Camilo Restrepo, com produção do brasileiro Gustavo Beck, vencedor do prêmio de melhor primeiro longa.

Na última sexta (28), o Brasil já havia vencido o prêmio principal da mostra Generation 14 plus, dedicada a temáticas jovens, com “Meu Nome É Bagdá”, de Caru Alves de Souza.

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