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Cinema

Filme sobre triângulo amoroso da terceira idade evoca Lubitsch e Truffaut

'Quem me Ama, me Segue!' evoca as estripulias amorosas de outros trios em clássicos como 'Jules e Jim Uma Mulher para Dois'

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Quem me Ama, me Segue!

  • Quando Estreia nesta quinta (6)
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Daniel Auteuil, Catherine Frot, Bernard Le Coq
  • Produção França, 2019
  • Direção José Alcala

Simone e Etienne despertam nus e ela foge afobada para a casa vizinha, onde vive com o marido, Gilbert, cuja chegada surpreende os amantes. A situação um tanto burlesca da sequência de abertura de “Quem me Ama, me Segue!” evoca as estripulias amorosas de outros trios nos clássicos “Sócios no Amor” (1933), de Lubitsch, ou “Jules e Jim – Uma Mulher para Dois” (1962), de Truffaut.

A diferença está na idade dos protagonistas, que não são mais jovens movidos por hormônios em ebulição, mas personagens maduros e cansados de uma vida a dois que perdeu o tempero.

O longa francês dirigido por José Alcala faz parte de uma tendência do cinema contemporâneo de oferecer ficções customizadas para uma geração que também quer ver suas questões e sentimentos projetados na tela.

O olhar melancólico em relação ao vivido surge durante um festejo, quando se veem ao fundo imagens do trio na juventude, em contraste com o cansaço no presente. O filme, no entanto, não se entrega ao saudosismo.

Após o prólogo simpático, a crise que se instala exige decisões, mas a narrativa avança sem saber que rumo tomar. A inquieta Simone (Catherine Frot) sai de cena simbolizando o desejo de liberdade. O esportista Etienne (Bernard Le Coq) monta em sua bike e desaparece. O foco se fixa em Gilbert (Daniel Auteuil), cujo sedentarismo existencial o condena a sofrer mais que os outros.

A resistência dele a mudanças dá pretexto para mostrar temas relevantes da agenda francesa, como imigração e miscigenação. O roteiro de Alcala e de Agnès Caffin, contudo, apenas pincela a dimensão social, incluindo a chegada de um vizinho de origem africana e uma festa de casamento gay. Estes signos de atualidade são contrapontos que reforçam o temperamento monocromático de Gilbert.

A insistência de se manter ao lado de Gilbert explica-se também pelo maior prestígio e cachê de Daniel Auteuil em relação aos colegas. As breves reaparições de Simone e de Etienne, no entanto, revelam os limites de “Quem me Ama, me Segue!”. Quando seus personagens vivazes se movem, nós os perdemos de vista. Assim, o filme mostra sua própria preguiça de procurar o novo.

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