Grupo Corpo criará obra para a Filarmônica de Los Angeles

Companhia mineira vai criar coreografia baseada em 'Estância', do compositor argentino Alberto Ginastera, sob regência de Gustavo Dudamel

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Amanda Queirós
São Paulo

Acostumado a encomendar trilhas originais para embalar as suas obras, o Grupo Corpo se vê agora do outro lado do balcão.

A convite da Filarmônica de Los Angeles, a companhia mineira vai criar uma coreografia baseada em “Estância”, do compositor argentino Alberto Ginastera (1916-1983). A estreia acontece entre os dias 1º e 4 de outubro na sede principal da orquestra, o Walt Disney Concert Hall.

“Várias vezes já nos pediram algum tipo de obra, mas nunca aceitamos. Esse convite chegou com mais de um ano de antecedência e veio quando o Corpo completa 45 anos. É uma boa forma de comemorar”, afirma Paulo Pederneiras, diretor artístico do grupo.

A companhia dançará pela primeira vez com trilha executada ao vivo, e isso se dará sob o peso da regência do venezuelano Gustavo Dudamel, diretor musical da filarmônica desde 2009. “O trabalho que ele fez deu uma visibilidade impressionante para a orquestra. Existe ali uma alegria muito bonita”, avalia Paulo. 

A produção impõe desafios técnicos. O palco será montado no lugar do coro, em uma faixa estreita e elevada atrás dos músicos, sem coxias.  

“Vamos ter que inventar umas rodas. Não quero contar a história narrada pela música, que é um dia em uma fazenda. Quero representar isso sem ilustrar”, afirma o coreógrafo Rodrigo Pederneiras, que está em turnê pelos Estados Unidos com a companhia até o fim de fevereiro.

Enquanto “Estância” não ganha previsão de estreia no Brasil, os 45 anos do grupo serão comemorados por aqui com uma mostra de repertório. Entre agosto e setembro, a temporada anual que passa por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte levará três programas duplos a cada cidade. Serão apresentados “Bach” (1996) e “Onqotô” (2005); “O Corpo” (2000) e “Gira” (2017); e “Lecuona” (2004) e “Gil” (2019).

“Organizar isso exige uma logística louca, mas é bom parar e dar uma olhada no que o Corpo está produzindo”, diz Paulo. O grande volume de trabalho surge após o fim do patrocínio da Petrobras, responsável por cerca de 25% do orçamento do grupo. Novos apoios foram conquistados, mas a situação ainda não é confortável. 

“Nunca foi fácil, mas a gente nunca deixou de cumprir o planejado. Temos o pensamento de andar sempre para frente. A gente não volta atrás em nenhuma conquista”, conclui o diretor artístico.

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