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Universal criou selo para bater de frente com a Marvel, mas agora parece ter mudado de estratégia

Entenda por que o filme 'O Homem Invisível' representa mudança na franquia que lançou o fiasco 'A Múmia', com Tom Cruise

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O sonho acabou. Ou melhor, o pesadelo. Pelo menos é o que parece ao olhar para o calendário de lançamentos da Universal e perceber a aparente ausência de seu tão alardeado Dark Universe —um universo cinematográfico que serviria de covil para os assustadores monstros do estúdio.

Nele, vampiros, lobisomens, múmias e outras criaturas medonhas teriam suas histórias conectadas a partir de novos filmes, baseados em clássicos lançados entre os anos 1920 e 1950. Parecia a resposta perfeita ao lucrativo Universo Cinematográfico Marvel, da concorrente Disney, e ao Universo Estendido DC, da Warner Bros.

Mas com a chegada de “O Homem Invisível” nos cinemas nesta quinta (27), fica óbvio que, caso o projeto ainda esteja vivo nos porões da Universal, ele passou por uma drástica recauchutagem, digna de Frankenstein. E, no processo, perdeu o logo do Dark Universe ostentado nos créditos iniciais de “A Múmia”, de 2017.

Com Jason Blum, fundador e CEO da Blumhouse Productions, entre os produtores, “O Homem Invisível” adotou a característica que marcou o sucesso da empresa: tem um orçamento relativamente modesto, abaixo dos US$ 10 milhões (cerca de R$ 43 milhões).

Foi com pouco investimento e muito, mas muito retorno que a Blumhouse se tornou um dos alicerces da atual produção de terror e de suspense hollywoodiana —“Atividade Paranormal” (2007) e “Corra!” (2017) são títulos que comprovam o sucesso.

Com o orçamento enxuto, a Blumhouse raptou o personagem tornado clássico no cinema em 1933 e o trouxe aos dias atuais. Neste novo “O Homem Invisível”, Elisabeth Moss é perseguida por um ex abusivo, supostamente morto.

É uma premissa muito distante da apresentada pela Universal em “A Múmia”, remake do terror em preto e branco de 1932. Nele, Tom Cruise, Russell Crowe e Sofia Boutella ressuscitaram um exército de mortos-vivos de CGI, saltaram de um avião em pane e conheceram o laboratório ultratecnológico de Dr. Jekyll (de “O Médico e o Monstro”), graças a um gordo orçamento de US$ 125 milhões (R$ 543 milhões).

Como é deduzível, a trama se distanciava do mistério e do horror e mirava as cenas de ação e aventura, carregadas de efeitos especiais. Ela foi a primeira de um universo que já havia anunciado remakes de “Frankenstein” (com Javier Bardem), “A Noiva de Frankenstein” (que seria dirigido por Bill Condon) e, pois é, de “O Homem Invisível”, mas com Johnny Depp como o dito-cujo.

O elenco estrelado viu naufragar seu futuro no Dark Universe quando “A Múmia” assustou Hollywood com seus explosivos 16% de aprovação no Rotten Tomatoes —site que agrega críticas de cinema— e faturou muito abaixo das expectativas.

Desde então, as redes sociais do rótulo monstruoso da Universal permanecem sem atualização, uma esperada sequência de “A Múmia” (ao menos como sugerido pelo final do longa) nunca foi anunciada e o prazo de validade dos títulos divulgados há muito já venceu —a versão feminina do monstro de Victor Frankenstein deveria ter feito sua estreia em fevereiro de 2019, por exemplo.

Agora, o plano de unir todas essas criaturas sombrias na telona permanece um mistério. Em “A Múmia”, uma organização chamada Prodigium parecia ser o elo que conectaria os monstrengos, formando um tipo de exército —algo parecido com a equipe gótica e sobrenatural de “A Liga Extraordinária” (2003) ou do seriado “Penny Dreadful”, talvez.

Mas com o roteiro muito menos pretensioso e expansivo de “O Homem Invisível”, que ainda lida com questões complexas e reais (no caso, relacionamentos abusivos), e a adoção e uma aura tecnológica em detrimento da fantasia, a união dos personagens permanece sob uma densa névoa de incerteza.

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