Bolsonaristas preferem a Venezuela quando o tema é liberdade, diz Antonio Tabet

O artista, que também é publicitário, participa de programas de sucesso que vão de humor a economia

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São Paulo

Antonio Pedro Osório Tabet ficou conhecido em 2002 pelo blog Kibe Loco, até hoje no ar. O caminho seguiu para o Porta dos Fundos. Tabet é um dos fundadores do canal, um dos maiores do YouTube no mundo, com mais de 16 milhões de inscritos, e cuja produtora se tornou alvo do primeiro atentado terrorista cometido no Brasil desde o fim da ditadura militar.

Na madrugada de 24 de dezembro de 2019, véspera de Natal, a sede do Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro, foi atingida por coquetéis molotov, depois que o especial de Natal “A Primeira Tentação de Cristo”, produzido pelo grupo para a Netflix, sofreu críticas de diversos líderes políticos e religiosos.

Tabet se ressente do silêncio de Jair Bolsonaro e do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, sobre o crime. "É absolutamente assustador", afirma ele. "O ministro disse no Roda Viva [programa da TV Cultura] que não pode opinar sobre qualquer coisa. E o presidente, tão fã de Donald Trump, só se manifestou contra o vandalismo na estátua da Havan. Os bolsonaristas, quando o assunto é liberdade de imprensa ou de expressão, gostam mesmo é da Venezuela.”

Mesmo com a controvérsia, a Netflix anunciou que irá exibir um terceiro especial de Natal com o Porta dos Fundos, mas a produção ainda não começou. “Isso é capitaneado pelo Fábio [Porchat], mas ele ainda não voltou de férias. Os textos religiosos normalmente são dele”, disse.

O Porta dos Fundos está se expandindo internacionalmente. O grupo já tem um canal no México batizado de Backdoor, com mais de 3 milhões de seguidores, no qual atores locais refazem em espanhol os roteiros brasileiros.

“Nosso vídeo de maior audiência por lá já é mais visto que nosso vídeo de maior audiência no Brasil. E temos planos para estrear nos mercados europeu e americano”, diz o artista.

Antonio Tabet na pré-estreia do filme "Operações Especiais", de Tomas Portella, em em outubro de 2015
Antonio Tabet na pré-estreia do filme "Operações Especiais", de Tomas Portella, em outubro de 2015 - Bruno Poletti/Folhapress

Há dois anos, o publicitário, roteirista e humorista se tornou sócio do canal de notícias MyNews, também no YouTube, ao lado da jornalista Mara Luquet. Com 336 mil inscritos, o MyNews tem como carro-chefe o programa de debates Segunda Chamada, apresentado pelo próprio Tabet, com episódios semanais. Os colunistas da Folha Mariliz Pereira Jorge e Joel Pinheiro da Fonseca, por exemplo, são participantes frequentes do talk show.

“Eu era fã da Mara e consegui o telefone dela para pedir umas dicas de investimento. Acabamos trocando uma ideia sobre fazer um canal de jornalismo. Foi meio que uma paixão empreendedora à primeira vista”, conta.

Entre os entrevistados estão o vice-presidente, Hamilton Mourão, além de Ciro Gomes, Fernando Haddad, Michel Temer e Rodrigo Maia. O deputado Delegado Waldir, do PSL, segundo Tabet, foi a pessoa que deu mais trabalho. O ator diz que "o programa ficou meio caótico, difícil moderar, mas rendeu ótimas manchetes". "Foi tão bom –para nós e para ele–, que ele voltou”, afirma.  

Além do Porta dos Fundos, o MyNews passa também por um processo de internacionalização. “Abrimos um escritório em Londres e estamos planejando outros em Portugal, na América Latina e, depois, nos Estados Unidos. Seremos o primeiro canal do YouTube a abrir capital, porque somos uma startup que opera no verde desde o primeiro dia.”

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