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CNN Brasil terá entrevista com Bolsonaro na estreia e garante ter fôlego para vingar

Presidente do canal no país diz que crise no mercado da TV paga não afetará operação e que emissora nasce 100% digital

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São Paulo

Uma das atrações anunciadas para a estreia da CNN Brasil, marcada para o domingo (15), às 20h, é uma entrevista exclusiva com o presidente Jair Bolsonaro, que já declarou esperar que o canal seja diferente da Globo, emissora tratada por ele como sua inimiga.

O novo canal também prevê uma plataforma de streaming, a CNN Brasil GO, a princípio só para os assinantes que já dispõem do acesso ao canal pela TV paga. O endereço deverá ser lançado poucos dias depois do canal, segundo o seu presidente e cofundador, Douglas Tavolaro, em entrevista à Folha, por email.

Sócio de Rubens Menin, empresário do ramo da construção civil, Tavolaro só aceitou responder às perguntas da entrevista por email, alegando tempo escasso para honrar todas as tarefas até a estreia do canal.

O jornalista Douglas Tavolaro durante o velório do apresentador Augusto Liberato, na Assembleia Legislativa de São Paulo - Paulo Lopes/BW Press/Folhapres

A reportagem foi avisada de que o grupo não fala em cifras, mas o executivo, ex-vice-presidente de jornalismo da Record e biógrafo de Edir Macedo, diz que tem boas perspectivas de cobrir os gastos com o negócio, contrariando o mercado de TV paga, que perde assinantes em larga escala desde 2014, e as tendências do universo publicitário. Fontes do mercado televisivo estimam que a conta inicial pode chegar a R$ 300 milhões.

Volkswagen e Santander são dois dos cotistas de um pacote de lançamento proposto pelo canal, que será apresentado a autoridades, empresários e publicitários na noite desta segunda-feira (9) na Oca, no parque Ibirapuera, em São Paulo, juntamente com o elenco do canal que inclui William Waack, Monalisa Perrone e Evaristo Costa, todos ex-Globo.

Embora o negócio funcione como licenciamento, a CNN Brasil poderá trocar material com outros canais da marca, incluindo a matriz americana, e tem a bênção do grupo, como mostram dois depoimentos em vídeo reservados para a festa na Oca —um de Jeff Zucker, presidente global da CNN e de jornalismo da WarnerMedia, e outro de Randall Sthephenson, CEO global da AT&T, proprietária de HBO, Turner Broadcasting e Warner Bros.

Folha - A TV paga perdeu 224 mil assinantes só em janeiro, em relação ao mês anterior. Nesse cenário, por que investir em um novo canal pago de produção quase 100% própria?

Douglas Tavolaro - A CNN Brasil não é apenas um canal de TV por assinatura. Vamos atuar na TV por assinatura, no streaming, nas redes sociais e na internet. É uma emissora de jornalismo multiplataforma, moderna, com programação presente em todas as telas, sobretudo no digital. Estamos prontos para enfrentar as mudanças atuais da indústria de mídia. É claro que permanecemos apoiando as operadoras e torcendo pela recuperação do mercado de TV por assinatura, mas nascemos preparados para a evolução do nosso negócio.

Ainda no contexto de um setor em queda, a CNN Brasil tem perspectivas de pagar o investimento feito até aqui?
Nossa empresa será sustentada unicamente por receitas vindas dos mercados publicitário e de distribuição no Brasil e no exterior [além] de outras unidades de negócio derivadas do uso da marca no país. Acreditamos que a tecnologia da operação, a modernidade de gestão, a qualidade dos produtos voltados ao nosso target, a força da marca CNN e da nossa programação contam a nosso favor.

A competência da equipe que montamos e a convicção de que há espaço para um novo canal de jornalismo no Brasil também são fatores aliados.  Como empresa, temos um plano de negócios fundamentado, a longo prazo, com premissas diferentes do modelo tradicional da imprensa brasileira.

A experiência dos Estados Unidos tem nos ajudado muito. Acreditamos em um caminho com rotas diferentes. Estamos prontos para disputar o mercado editorial, comercial e de distribuição com nossos grandes concorrentes. Uma de nossas vantagens comparativas é pensarmos diferente. Já nascemos 100% digitais, por exemplo.

As empresas locais são importantes e estão estruturadas em décadas de tradição, mas há espaço para um novo player de jornalismo com a nossa bandeira e a nossa energia. Todas as pesquisas encomendadas por nós deixam isso claro. Os brasileiros pedem uma nova opção de jornalismo.

Como será a distribuição de conteúdo do canal via internet? Há planos para uma plataforma própria de streaming?
A CNN estará disponível no Brasil para mais de 60 milhões de pessoas em todas as plataformas digitais e na TV paga. Teremos conteúdo exclusivo para nossa plataforma online e nas mídias sociais que já acumulam mais de 1 milhão de seguidores antes do lançamento.

Estamos encarando essas redes como aliadas na distribuição da CNN Brasil. Não teremos restrições em falar de Facebook, Twitter, YouTube, Instagram e LinkedIn. Nosso conteúdo estará lá também. Assim como em nossas plataformas próprias, como o site cnnbrasil.com.br, em texto, vídeo e áudio. Há uma grade de programação exclusiva para o digital, em podcasts e vídeos, que será gratuita aos usuários.

Sobre a plataforma de streaming, já temos planejado o lançamento do CNN Brasil Go, que deve ocorrer nas semanas seguintes à nossa estreia. Ele terá nosso sinal ao vivo em tempo real e todos os nossos produtos on demand. De partida, será exclusivo para os assinantes das nossas operadoras parceiras de Pay TV.

Quais são os anunciantes e patrocinadores já fechados com a CNN Brasil?
Até a última sexta-feira anunciamos acordos comerciais com Santander, Cielo e Volkswagen como patrocinadores masters, além de Magazine Luiza, IBM, 99 e Nestlé como patrocinadores especiais. Novos negócios estão em andamento.

Qual será o volume de produção própria do canal?
Nossa produção própria será muito grande, nos moldes da CNN americana. Vamos produzir internamente 17 horas e meia de programação ao vivo. Essa parte toda "hard news". Já a nossa produção de documentários será feita com empresas parceiras nacionais. E queremos fomentar isso cada vez mais. E também teremos outro tipo de parceria, com grandes produtoras internacionais, como BBC, Reuters e Endemol. Vamos comprar e exibir conteúdo de qualidade diariamente.

O presidente Jair Bolsonaro disse esperar que a CNN Brasil seja diferente da Globo. Em que aspectos o canal poderá se diferenciar da GloboNews?
Seremos uma nova opção de jornalismo para os brasileiros. Isso é importante para o país e para o mercado, ainda mais com um time de talentos, na frente e por trás das câmeras, e com a toda estrutura que montamos aliada à marca do maior canal de notícias do mundo. Não estamos preocupados com esse ou aquele concorrente. Queremos nos destacar no mercado.

Podemos aguardar por uma entrevista exclusiva de Bolsonaro à CNN Brasil para a programação de inauguração, no dia 15?
Sim, teremos uma entrevista exclusiva e importante do presidente em nossa estreia. Também teremos entrevistas exclusivas, no mesmo dia, com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, com o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, e com o presidente do Senado, senador Davi Alcolumbre.

Na sequência, a CNN abrirá espaço todos os dias para governadores, ministros, economistas, juristas, empresários, pessoas das mais diversas linhas de pensamento. Nosso negócio sempre será a notícia em primeira mão, o jornalismo profissional: isento, transparente e rigoroso.

Como tenho repetido, não seremos nem de direita nem de esquerda. O interesse que nos move é o da sociedade. Teremos pluralidade de opiniões, com nossos analistas buscando sempre isenção e equilíbrio. Vamos trabalhar para colocar no ar as informações após cumprir um processo técnico de apuração e checagem.  Isso é garantia de 100% de acertos? Não, mas reforça nosso compromisso em acertar. Erros acontecem e devem ser corrigidos, com humildade e transparência. Mas seremos uma nova opção de notícia confiável para os brasileiros.

A definição da data de estreia do canal tem alguma relação com as manifestações agendadas para o dia 15 em todo o país e em São Paulo bem à frente da sede da CNN Brasil, na avenida Paulista, em apoio ao presidente Bolsonaro?
Não. A data da nossa estreia estava planejada desde janeiro, costurada com uma longa e detalhada negociação com todas as operadoras de TV por assinatura, e só não divulgamos antes em função da estratégia de marketing para o lançamento do canal. Há muitos boatos sobre isso. Muitas notícias e teses que circulam nas redes sociais sobre a CNN viram motivo de piada dentro da nossa Redação. É impossível levar a sério.

A CNN Brasil tem algum compromisso em seguir preceitos editoriais da matriz, que nos Estados Unidos é tão criticada pelo presidente Donald Trump, aliado de Bolsonaro, quanto a Globo é por Bolsonaro no Brasil?
A CNN Brasil opera através de um contrato com a CNN International Commercial para licenciar a marca CNN, empresa da WarnerMedia controlada pela AT&T, uma das maiores companhias de mídia e telecomunicações do mundo. Somos editorialmente independentes da CNN, mas seguimos normas e práticas editoriais da CNN que incluem, entre outras medidas, a criação de um conselho editorial independente ao conselho de administração da empresa. Tenho uma relação profissional e pessoal com os executivos da CNN há quase duas décadas.

O conselho editorial da CNN Brasil tem poder de veto ou restrições sobre os rumos adotados nas decisões editoriais do dia a dia?
O conselho editorial vai responder pelo conteúdo veiculado em todas as plataformas, definir a política e os parâmetros editoriais em um trabalho conjunto entre a CNN internacional e os executivos jornalistas brasileiros.

Qual a participação de Rubens Menin no dia a dia da operação? As contratações e definições de instalações foram submetidas a ele?
Rubens é o presidente do conselho de administração da empresa licenciada da CNN e um grande amigo, por quem tenho profunda admiração pela reconhecida trajetória empresarial de sucesso. Essa admiração, aliás, é de toda a nossa empresa.

Qual a sua relação com Edir Macedo hoje? Ficou algum ressentimento de sua saída da Record, como aparentaram algumas reportagens negativas relacionadas ao grupo de Menin após a contratação de Reinaldo Gottino e de outros profissionais da Record?
Sou grato à Record por tudo o que vivi lá e pelas amizades que levarei sempre comigo. Mas a minha história na Record acabou. A honra maior agora é fazer parte de um canal que deseja ser importante na vida dos brasileiros. Fazer jornalismo com correção e qualidade para informar melhor. Esse é o caminho da CNN que começamos a trilhar a partir do próximo domingo, 15 de março, a partir das 20h na TV e das 18h nas plataformas digitais.

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