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Comédia reúne atores de 'Hermes e Renato', 'Comédia MTV' e 'Choque de Cultura'

Filme se chama 'Abestalhados 2', mas de sequência não tem nada

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São Paulo

Quatro amigos cineastas sentam no sofá, ligam a televisão e dão o play no filme que carrega a promessa de mudar as suas vidas, embebidos num mix de companheirismo e gratidão. Corta.

Próxima cena: os mesmos quatro estão aturdidos com o que acabam de ver e são contaminados pelo aparente desprezo de um pelo outro e por uma vontade louca de lavar a roupa suja, que culmina numa intensa briga física.

Essa transição da cumplicidade para a selvageria é só um exemplo dos opostos que marcam “Abestalhados 2”, filme de comédia que reúne veteranos do humor televisivo nacional e que deve chegar aos cinemas no começo de 2021.

Os membros do quarteto são Paulinho Serra, sobrevivente dos finados “Comédia MTV” e “Pânico na TV”; Felipe Torres, ator e cocriador de “Hermes e Renato”; e Raul Chequer e Leandro Ramos, que juntos representam 50% do elenco de “Choque de Cultura”.

Em “Abestalhados 2”, que de sequência não tem nada, eles são sócios numa produtora que, até então, se dedicava a conteúdos publicitários de pouco prestígio. Mas eles decidem correr atrás do sonho de produzir um longa-metragem de ação e aventura.

Os contrastes se manifestam já na premissa: enquanto as cenas de “Abestalhados 2” são simples e gravadas como se compusessem um making of, as de “Acelerados 2” —nome do projeto dos quatro personagens— são alucinantes e recheadas de efeitos especiais.

“Eu sempre gostei do falso documentário porque é uma linguagem muito rica para a comédia”, explica Marcelo Botta, que codirige o filme ao lado de Marcos Jorge, do premiado “Estômago” (2007).

A trama de “Abestalhados 2” se desenrola justamente a partir da visão de uma estagiária do quarteto protagonista, encarregada de capturar cada minuto do processo de criação por trás de “Acelerados 2” para um making of.

Esses falsos bastidores serão alternados com algumas cenas daquele filme dentro do filme, que não poupa orçamento. Florestas encantadas e laboratórios nucleares estão entre os cenários da ambiciosa produção, povoados por seres pós-apocalípticos e por cangaceiros gladiadores.

“O que me fascinou no argumento dessa história foi o fato de ser uma comédia, mas com algo dentro dela que era de ação e aventura. São gêneros populares com um quarteto popular à frente”, completa Jorge, citando os quatro comediantes que ocupam a maior parte do longa.

Foram cinco anos da ideia original —a de pôr um grupo de cineastas que desejam começar uma franquia pelas sequências, como sugere o enganoso “2” no título do longa— até o início das gravações.

“A burocracia atrapalhou um pouco. Nós poderíamos ter feito esse filme antes se estivéssemos com o cinema brasileiro funcionando normalmente”, diz Jorge.

Mas, apesar de a própria dupla de diretores ter enfrentado dificuldades para tirar a ideia do papel, não se deve esperar que a equipe do filme dentro do filme também encontre empecilhos de natureza política durante a produção de “Acelerados 2”.

“Nós não quisemos complicar muito e fazer um filme para quem é do meio cinematográfico, nós não nos prendemos a questões políticas”, diz Botta. “Desde o início a gente queria fazer uma comédia popular, então contamos a história de uma maneira muito universal”, complementa Jorge.

Para engrossar a popularidade da trama, chamaram nomes celebrados para participações especiais. Bruno Gagliasso, Wellington Muniz (o Ceará), Marcelo Madureira, Batoré, Rafael Zulu, Isabella Santoni e Wanderlei Silva darão as caras na história.

E, além disso, espalharam referências que qualquer fã de cinema —do frequentador das salas dedicadas a blockbusters até cinéfilos de festivais— poderá pescar enquanto assiste a “Abestalhados 2”.

“Cinema iraniano é chato”, diz o personagem de Paulinho Serra na cena que culmina na briga do quarteto.

“Respeita o cinema iraniano, porra”, berra, revoltado, o roteirista metido a intelectual vivido por Raul Chequer.

Menções que vão de “De Volta para o Futuro” a “Bacurau” aproximam trama e espectador, em um esforço para, nas palavras da dupla de diretores, fazer graça, mas também prestar uma homenagem a quem é fã e àqueles que vivem dos filmes. “Por mais que os protagonistas sejam abestalhados, eles amam o cinema”, diz Jorge.

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