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Cinema

Falta magia em 'Dois Irmãos', filme da Pixar que mesmo assim leva às lágrimas

Nova animação do estúdio perde por dar pouco contexto do universo místico no qual é ambientada

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Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica

  • Quando Estreia nesta quinta (5)
  • Classificação Livre
  • Produção EUA, 2020
  • Direção Dan Scanlon

No início de “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica”, fica claro para o espectador o principal problema do universo em que vive o par de protagonistas. Com os avanços tecnológicos, ele perdeu sua magia. E essa observação poderia muito bem ser feita ao próprio filme: se tratando da Pixar, falta magia para a trama.

Nela, dois irmãos vivem em uma sociedade mística, em que centauros são policiais, unicórnios reviram latas de lixo em busca de comida e um híbrido de leão e escorpião abandonou seu posto de guerreiro para administrar um restaurante familiar.

Um deles, Ian, é tímido e não tem amigos na escola. Sua maior frustração é não ter conhecido o pai, que morreu antes de ele nascer. Mas em seu 16º aniversário, ele encontra um cajado mágico e precisa partir em busca de uma pedra que pode fazer com que o patriarca retorne à vida por um dia.

E, na pressa para iniciar a tão fantástica jornada dos irmãos, o filme acaba se esquecendo de dar um pouco mais de contexto ao público. Tudo o que há de mágico naquele universo ficcional já aparece no trailer e, ao final da animação, fica a sensação de que o conhecemos pouco.

Essa superficialidade também se faz presente nos personagens secundários. Além dos irmãos Ian e Barley Lightfoot, pouco sabemos sobre quem povoa aquele cenário fantástico e curioso.

Um bom exemplo é o namorado da mãe dos protagonistas, o policial Bronco. O filme parece forçar certa antipatia pelo centauro, como se ele fosse desimportante para a trama. Ele acaba assumindo um papel relevante, porém incômodo, devido à sua falta de carisma.

Mas é o laço fraternal que de fato está no centro da história —como esconde o título original, “Onward” (adiante), e escancara a versão brasileira, “Dois Irmãos”. E, nesse aspecto, a Pixar faz bem o seu trabalho: embasa a relação dos dois em cenas que transbordam emoção.

Como também é de praxe nos filmes do estúdio, a trilha sonora se encaixa perfeitamente às cenas, oscilando entre momentos aventurescos e de extrema delicadeza.

Essa qualidade inconstante torna o sabor de “Dois Irmãos” agridoce. Falta humor e destreza ao roteiro, mas o grande coração do estúdio pulsa por baixo desses problemas —algo que lembra um pouco o inofensivo “Universidade Monstros”, de 2013, dirigido pelo mesmo Dan Scanlon.

“Dois Irmãos” é um Pixar que está mais para o “bonitinho” de “O Bom Dinossauro” do que para o “encantador” de “Viva: A Vida É uma Festa”. Mas, como praticamente todos os outros Pixars, leva às lágrimas sem grande esforço.

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