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'Feliz Ano Velho', de Marcelo Rubens Paiva, ganhará atualização em nova série

Livro publicado nos anos 1980 acompanha autor após acidente que o deixou tetraplégico

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São Paulo

Marcelo Rubens Paiva tinha 20 anos quando decidiu ir a um lago às margens da rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. Mergulhou, bateu a cabeça em uma pedra e viu sua vida mudar completamente. O acidente deixou o escritor tetraplégico e ele próprio, poucos meses depois, resolveu contar a história em “Feliz Ano Velho”.

Lançado em 1982, o livro autobiográfico narra a corrida de Marcelo a diversos médicos, sua recuperação e o processo para se adaptar à nova realidade, enquanto lida com dolorosas memórias da infância. Foi um best-seller e marcou a literatura produzida nos anos 1980. Agora, uma produtora quer apresentá-lo a uma nova geração.

Há cerca de quatro anos, Diane Maia e Joana Mariani compraram os direitos da obra, imaginando o potencial que ela teria no formato de série. A nova adaptação de “Feliz Ano Velho”, produzida pela Mar Filmes, ainda está em fase de desenvolvimento, mas negociações com exibidoras estão em curso e a expectativa é que a produção comece ainda em 2020.

“Nós ficamos muito tempo conversando para encontrar esse novo formato. Até que deu um clique, totalmente relacionado à motivação para eu ter comprados os direitos”, explica Maia sobre a escolha de adaptar o livro em forma de seriado.

“Minha motivação foi o desejo que minha filha fosse impactada pelo livro da mesma maneira que eu fui. O que a gente quer é atingir os jovens, por meio de uma linguagem atual. Estou feliz que hoje o projeto esteja evoluindo em um momento em que as séries ganham mais força.”

A crescente popularidade dos seriados em tempos de streaming se aliou a outra vontade de Maia: expandir a narrativa do livro para além de Marcelo Rubens Paiva. A ideia para os episódios que estão sendo escritos é tirar o personagem do escritor de foco em determinados momentos, explorando assim a vida das pessoas ao seu redor.

“Quando eu lia o livro, eu me interessava muito pelas amigas do Marcelo, mas o livro não vai para elas. Eu sempre tive vontade de sentir a vida dos outros no entorno dele”, diz a produtora. Se a memória não falha, “Feliz Ano Velho” entrou em sua vida por meio de seus irmãos mais velhos —“Eu herdei o livro deles”.

Mas as amigas do Marcelo da vida real vão ter que esperar. Isso porque a narrativa da série será adaptada para os dias atuais. O escritor dará lugar a um personagem ficcional, que enfrentará os mesmos tipos de desafios, mas em um novo contexto. E tudo com a bênção dele, já que o autor de “Feliz Ano Velho” também integra a equipe por trás dos roteiros da série.

Essa viagem no tempo, no entanto, não vai apagar da nova trama uma adversidade indissociável da trajetória de Marcelo: o assassinato de seu pai, o engenheiro e político Rubens Paiva, pela ditadura militar.

Maia conta que o regime autoritário que governou o Brasil entre 1964 e 1985 estará presente em sua série, mesmo esta se passando nos dias atuais. Mas diz que ainda é cedo para compartilhar detalhes de como isso deve acontecer.

“Há uma grande responsabilidade em assumir esse projeto”, diz Maia. “Hoje nós temos um Marcelo de 60 anos, reescrevendo e dando a vida dele a um personagem recriado nos dias atuais. A melhor parte de desenvolver essa série junto com ele é justamente essa troca e a generosidade dele de entregar sua história para uma nova criação.”

Criação essa que, inicialmente, terá seis episódios. Mas a expectativa é que, assim como “Feliz Ano Velho” extrapolou os anos 1980, a série também possa sobreviver para além de sua primeira temporada.

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