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Cinema

Garota de cem quilos que quer ser astronauta foge de clichês em filme

Ao investir em personagem singularíssima, diretora de 'Cem Quilos de Estrelas' realiza filme feminista sem ser panfletário

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Cem Quilos de Estrelas

  • Quando Estreia nesta quinta (4)
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Laure Duchêne, Angèle Metzger, Pauline Serieys
  • Direção Marie-Sophie Chambon

Primeiro longa-metragem da francesa Marie-Sophie Chambon, "Cem Quilos de Estrelas" é uma comédia para adolescentes que lembra muitas outras —mas consegue escapar aos clichês do gênero. Ao investir em uma protagonista singularíssima, a diretora realiza um filme feminista sem ser panfletário.

Lois (Laure Duchene) é uma incomum garota de 16 anos. Ela pesa cem quilos e tem um sonho nada banal: quer ser astronauta. Com um projeto ligado à extração de ar do espaço, ela se prepara para uma grande competição em Toulouse, sede do Centro Nacional de Estudos Espaciais da França. Tecnicamente tem chances de vencer, o que a aproximaria da carreira sonhada. Dois homens experientes no meio fazem-na compreender, porém, que o excesso de peso provavelmente a afastará do objetivo de ir para a Lua um dia.

A protagonista então deixa de comer e vai parar em um centro de saúde. É ali que surgem na história três outras adolescentes, internadas no mesmo hospital, com diferentes problemas: anorexia, dificuldade de locomoção, hipersensibilidade eletromagnética. Elas encampam o sonho de Lois e serão suas parceiras na competição.

Desafiando toda sorte de obstáculos, esse quarteto improvável consegue chegar a Toulouse a tempo para o concurso. Pouco após a inscrição, fica claro que, para além das estranhezas individuais de cada uma, elas se diferenciam dos demais participantes em algo muito essencial: são as únicas mulheres.

Sem função objetiva no avançar da história e de uma beleza delicada, algumas passagens investigam plasticamente a movimentação de corpos libertos da sensação de peso. Primeiro, vemos o corpo de Lois deslocando-se debaixo d'água, numa piscina de águas negras. Mais tarde, anoitece no hospital e ela dança com uma das colegas, simulando a gravidade zero da superfície lunar, numa espécie de materialização de seu sonho.

Sem perder a sutileza nem esbarrar na frivolidade, o filme é feliz ao abordar temas complexos e dolorosos, como o embate com corpos distantes dos padrões, as dificuldades de ser mulher em campos predominantemente masculinos e as desilusões próprias à adolescência.

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