Descrição de chapéu Livros

Contos de Fonseca foram inspirados em seus anos como policial, mostrou Folha

Reportagem de 1995 descobriu que casos narrados nos livros do autor aconteceram a metros dele na vida real

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São Paulo

Era 1995 quando este jornal entrou na delegacia em que trabalhou como policial o escritor Rubem Fonseca, morto nesta quarta (15), vítima de uma parada cardíaca.

Então, ficou a cargo do repórter Mario Cesar Carvalho explorar os arquivos da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Ali, descobriu uma série de casos, personagens e lugares que teriam inspirado, por anos a fio, os contos do escritor, um dos mais importantes do gênero policial no Brasil. A começar pelo seu livro de estreia, "Os Prisioneiros", publicado cinco anos após sua saída da polícia, mas continuando até clássicos como "Agosto", de 1990.

O repórter conta, por exemplo, que o caso da vaca atropelada devorada por famélicos do conto "Relato de Ocorrência", incluído no livro "Lúcia McCartney", aconteceu em 1953, quando Fonseca servia ao 24º Distrito Policial, em Madureira, na zona norte do Rio.

Quem confirmou ao repórter a coincidência foi o delegado aposentado Mário César da Silva, na época da ocorrência companheiro de Fonseca no DP.

O atentado contra Carlos Lacerda de 1954 que aparece em "Agosto" também ocorreu a alguns metros do local na rua Toneleros, em Copacabana, onde Fonseca tomava um copo de leite. O delegado Jorge Luiz Pastor e comissários que estavam com ele foram investigar o tiro que acabaria levando Vargas a cometer suicídio.

Pastor, aliás, virou personagem em "Agosto". Já tinha aparecido no conto "A Coleira do Cão", publicado no livro homônimo de 1965.

Outro conhecido de Fonseca que apareceu com nome real em várias obras suas foi Luiz Weksler, seu colega de classe na Faculdade de Direito do Rio entre 1945 e 1948 e sócio do escritor num escritório de advocacia.

O Luiz Weksler real foi rebatizado de Luiz Wexler no romance "A Grande Arte" e no conto "Mandrake", de "O Cobrador", de 1979. Mas, disse ao repórter na época, não conseguiu ler "A Grande Arte", um dos livros mais emblemáticos de Fonseca, até o fim. "Não me agradou", justificou ele na época, aos 75 anos.

Leia aqui a íntegra do texto de 1995, no Acervo Folha.

Erramos: o texto foi alterado

O repórter Mario Cesar Carvalho encontrou os boletins que Rubem Fonseca escreveu como comissário nos arquivos da Polícia Civil, não no 16º distrito de São Cristóvão. O texto foi corrigido.

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