Descrição de chapéu Coronavírus

Ricardo Brennand morre aos 92 anos, vítima do novo coronavírus

Empresário e colecionador pernambucano estava internado desde domingo (19)

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São Paulo

O empresário e colecionador de arte Ricardo Brennand morreu aos 92 anos na madrugada deste sábado (25), vítima do novo coronavírus. Ele estava internado no Real Hospital Português, no Recife, desde domingo (19).

Brennand começou a sentir sintomas como falta de ar e cansaço no próprio dia da internação. Sua mulher, Graça Maria Brennand, de 90 anos, também recebeu um diagnóstico positivo para o vírus, mas se recupera em casa.

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O empresário Ricardo Brennand em frente ao instituto que leva o seu nome, em 2002; ele morreu em decorrência da Codiv-19 - Josenildo Tenório/Agência Globo

Brennand estava prestes a fazer aniversário. Membro de uma das famílias mais tradicionais do estado, ele nasceu em 27 de maio de 1927, no município de Cabo de Santo Agostinho, no litoral sul de Pernambuco, e estudou engenharia na Universidade Federal de Pernambuco.

Embora tenha atuado como empresário, sobretudo na indústrias de cimento e no setor de energia —históricamente a família tem negócios ainda nos ramos de porcelana, aço, cerâmica, vidro, açúcar e mercado imobiliário—, Brennand ficou conhecido nacionalmente ao criar o Instituto Ricardo Brennand, em 2001.

O complexo de arte na capital pernambucana conta com espaços para exposições, biblioteca e um museu de armas. O empreendimento foi financiado após a venda das fábricas de cimento da família, no fim dos anos 1990.

O local escolhido foram as terras do antigo engenho São João, próximo à oficina de cerâmica de seu primo Francisco Brennand, artista plástico morto em dezembro de 2019. Ao contrário de Francisco, porém, Ricardo decidiu construir os edifícios de seu instituto em estilo medieval.

Com isso, ele se consolidou como um dos principais colecionadores particulares de armas brancas e objetos medievais do país. O Instituto Ricardo Brennand abriga mais de 3.000 peças, entre facas, espadas, armaduras, adagas, canivetes e estiletes. Estão expostas, por exemplo, armaduras do século 16, uma espada alemã de 1590 e armas que pertenceram a dom Pedro 1º e dom Pedro 2º.

O empresário iniciou sua coleção de armas brancas ainda adolescente, quando ganhou um canivete. Em 1952, em viagem ao Reino Unido, começou a adquirir outras peças que fazem parte do museu.

Além das armas, há inúmeros quadros da pinacoteca do instituto, esculturas e outras obras de arte. O acervo conta, por exemplo, com coleções como a do holandês Frans Post, que retratou a presença holandesa no Nordeste brasileiro durante o período colonial, e a produção de artistas estrangeiros que passaram pelo país no século 19.

Desde o dia 14 de março, contudo, a instituição está fechada por causa da pandemia do novo coronavírus.

Mas, mesmo intimamente ligado ao universo das artes, ele nunca deixou de ser empresário. No ano passado, Ricardo Brennand representou a família no ranking de bilionários na revista Forbes e ficou na 105ª posição, com uma fortuna de R$ 3,1 bilhões. ​

Brennand deixa a mulher, sete filhos, 23 netos, 48 bisnetos e um trineto.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, do PSB, afirmou, em nota, que a morte de Brennand deixa “uma lacuna irreparável na história” do estado. “Não apenas pelo seu espírito empreendedor, sempre preocupado com o desenvolvimento econômico do nosso estado, mas no âmbito social e cultural."

Já o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, do PSB, decretou três dias de luto em homenagem ao “homem de gestos largos para com as pessoas e com a cidade”. “Pessoa amável, atenciosa e muito querida. Fará muita falta”, disse, também em nota.

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