O presidente da Bienal de Veneza, Roberto Cicutto –que organiza, entre outros, o Festival de Cinema de Veneza–, reclamou da aparente inação do Festival de Cannes diante da pandemia do novo coronavírus numa entrevista à agência de notícias italiana Ansa desta segunda (20). A informação é da revista americana Variety.
Considerado o festival de cinema mais importante hoje, Cannes ainda não decidiu o futuro de sua edição deste ano.
Inicialmente marcado para os dias 12 a 23 de maio, e postergado para junho ou julho assim que as medidas de distanciamento social foram decretadas na França, o evento foi adiado indefinidamente há uma semana. Enquanto isso, mostras paralelas como a Quinzena dos Realizadores e Semana da Crítica foram canceladas.
À frente do festival francês, Thierry Fremaux vinha aventando uma colaboração entre Cannes e Veneza em entrevistas. O responsável por Veneza, Roberto Cicutto, negou essa possibilidade ao falar à Ansa, porém.
"Com Cannes, tudo é possível, mas acho perturbador o fato de que Thierry Fremaux [diretor de Cannes] continua a afirmar que está examinando a situação em vez de decidir o que fazer", disse Cicutto. "Estamos indo em frente com o nosso programa, e se Cannes ainda está pensando, então não há diálogo", continuou.
Na mesma entrevista, Cicutto confirmou a realização do Festival de Veneza entre 2 e 12 de setembro. A 77ª edição do festival acontece numa das regiões da Itália mais atingidas pela Covid-19. Mesmo assim, a organização já tinha negado a possibilidade de fazer uma versão digital.
Cicutto disse que espera que as autoridades italianas façam uma exceção para o festival em relação à abertura de salas de cinema, fechadas para prevenir a disseminação do novo coronavírus.
Um dos países mais afetados pela pandemia, com mais de 23 mil mortes pela Covid-19, a Itália continua numa quarentena estrita. A diminuição da ocorrência de novos casos nas últimas semanas tem feito com que as autoridades prevejam o término da crise em breve, no entanto.
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