Roberto Carlos faz show de aniversário legalzinho, mas não chega a empolgar

Rei alternou algumas canções que toca sempre com outras que se relacionam ao atual momento de pandemia

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Live de Roberto Carlos

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Sobre a apresentação de Roberto Carlos pelo YouTube, alguém na internet soltou: “Acho que nenhum país tentou fazer isso com o vírus. Vamos ter o especial de fim de ano agora e chegar a 2021 na semana que vem".

É um pouco mesmo essa sensação estranha, natalina, que dá ver Roberto Carlos na TV em meados de abril. Inspirado por inúmeros artistas pelo mundo e aproveitando seu aniversário neste domingo (19), o cantor se apresentou por 50 minutos num show legalzinho, que não chegou a empolgar.

Há dificuldades técnicas, é claro, mas o repertório pareceu tateante –alternou algumas das que toca sempre com outras que se relacionam ao atual momento de pandemia e, mais para o final, cantou um punhado de canções religiosas.

De camisa havaiana, estampada com folhagens azuis, e calça branca, Roberto Carlos iniciou sua live de 79 anos com “Como é Grande o Meu Amor por Você”, de 1967, uma das grandes preferidas de seu público. Justificou dizendo que se referia justamente a seus fãs –“eu amo vocês”.

Cantando de pé, num estúdio que provavelmente fica em sua casa, no bairro da Urca, no Rio de Janeiro, mostrou uma máscara e disse que a estava usando até agora há pouco. “É muito importante para se proteger, não gosto nem de falar o nome”, disse, lembrando a doença.

Roberto Carlos comemora aniversário com live
Roberto Carlos comemora aniversário com live - Reprodução

Entre os versos de “É Preciso Saber Viver”, de 1974, apresentou seus dois acompanhantes. Mais próximo à câmera principal estava o maestro Eduardo Lage, colaborador há décadas do rei da música romântica e, ao fundo, Tutuca Borba. Ambos a uma distância calculada para essa quarentena.

Mesmo havendo um piano branco no estúdio, e também uma bateria, os dois músicos tocaram teclados eletrônicos. Um desses teclados tinha um som de piano mesmo, mas o outro emulava uma orquestra, com cordas grandiosas, como a que o artista usa em seus shows. “Detalhes”, a música de 1971 que Roberto já declarou diversas vezes ser sua preferida, veio a seguir.

Agradeceu aos trabalhadores que seguem na pandemia, como médicos, enfermeiros e caminhoneiros. Destes, falou ao lembrar que, ainda menino, os via chegando pela estrada à sua cidade natal, Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo. No melhor momento do show, dedicou a eles “Caminhoneiro”, de 1984. “Eu sei/ Tô correndo ao encontro dela/ Coração tá disparado/ Mas eu ando com cuidado/ Não me arrisco na banguela.”

Falando do sofrimento causado pelo Covid-19 na Itália, Roberto lembrou como foi bem recebido por lá em 1968. Era o festival de San Remo, o qual ele venceu com a música “Canzone per Te”. Foi ela que Roberto cantou a seguir.

Depois do italiano, reservou um tempinho para o espanhol, idioma com o qual Roberto teve grande êxito comercial na América Latina desde os anos 1970. A música escolhida foi “Amigo”, de 1977, escrita solitariamente e apresentada de surpresa para Erasmo Carlos como um agradecimento pela amizade e parceria musical desde o início dos anos 1960.

Houve ainda “Nossa Senhora”, de 1993, e “Eu Te Amo Tanto”, de 1998, uma das canções feitas para Maria Rita, sua mulher que morreria de câncer no ano seguinte.

“Solta a batera”, pediu o cantor. Parecia que estávamos chegando ao auge da apresentação. Será que vai entrar um baterista? Que decepção, não. O som mais uma vez foi eletrônico, saindo dos equipamentos de última geração do estúdio.

A canção, pelo menos, era das boas –“Todos Estão Surdos”, um petardo soul de 1971, da (provavelmente) melhor fase da carreira de Roberto Carlos. No fim, riu e disse que se atrapalhou na letra. Tudo bem, foi legal assim mesmo.

Então o clima acalmou novamente com “Jesus Salvador”, de 1994. “Senhor perdoai meus pecados/ Me aceita a seu lado/ Me deixa tocar o seu manto sagrado/ E a graça que eu peço/ Terei na sua luz.” Um lamento religioso e arrastado, musicalmente falando.

A próxima parecia uma sequência natural, mas só no nome. “Jesus Cristo” (eu estou aqui), de 1970, é da mesma fase de “Todos Estão Surdos”. E é daquelas que quem ouve uma vez não esquece jamais. A bateria eletrônica voltou e foi com assim que a live chegou ao fim.

Não sem antes o artista receber e partir um bolo branco (coco?), oferecendo uma fatia aos espectadores. “E não se esqueçam das máscaras. E não saiam de casa, realmente.”

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