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Rubem Fonseca deu entrevista como anônimo na queda do Muro de Berlim

Escritor passou despercebido em conversa com jornalista brasileiro no calor dos acontecimentos na Alemanha

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São Paulo

Embora o escritor mineiro Rubem Fonseca, que morreu nesta quarta-feira (15), aos 94 anos, nunca tenha sido fã de conceder entrevistas, a queda do Muro de Berlim, em 1989, lhe rendeu um acontecimento interessante. Ele, que estava na capital alemã durante esse momento histórico, foi entrevistado por um jornalista brasileiro, que não o reconheceu.

Autor de livros de grande sucesso no Brasil, como "Feliz Ano Novo", de 1975, e "O Cobrador", de 1979, o artista morou na Alemanha durante o ano de 1989, quando era bolsista de um programa de intercâmbio, e presenciou um dos episódios mais marcantes da história mundial –a queda do Muro de Berlim se tornou um grande símbolo do fim da Guerra Fria.

"Na noite de quinta-feira, 9 de novembro, eu estava trabalhando no meu apartamento quando ouvi ruídos de gritos e buzinas na rua", escreveu Fonseca em sua crônica “Reminiscências de Berlim”, do livro “O Romance Morreu”, de 2007, em que conta algumas de suas experiências no país europeu.

"Tendo assistido cinco dias antes, em Berlim oeste, a uma manifestação na avenida Kurfürstendamm, eu estava preparado para o grito das ruas exigindo alguma forma de liberdade, como a de viajar, por exemplo", completou.

No dia seguinte, o escritor foi às ruas e presenciou de perto "o barulho das pessoas com picaretas tentando arrancar pedaços do paredão [que separava o lado ocidental e oriental da cidade alemã]".

Fonseca e sua amiga Ute Hermans conversavam em português quando um jornalista brasileiro que estava próximo a eles pediu para entrevistá-lo. E, deixando seu hábito de reclusão de lado, o escritor aceitou, identificando-se como "José Rubem". Ficou evidente que o repórter televisivo não percebeu qual era a verdadeira identidade do entrevistado, um maiores nomes da literatura brasileira.

Segundo Zuenir Ventura, que era amigo íntimo de Fonseca, o escritor "se divertiu à beça" ao perceber que o jornalista não o tinha reconhecido, mesmo conversando com ele por um longo tempo, e contava essa história às risadas.

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