Descrição de chapéu

Milton Nascimento e Criolo dão ar etéreo a 'Cais', clássico de 1972

Artistas lançaram EP 'Existe Amor', que também tem versão do hit do músico paulista

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Existe Amor

  • Onde Spotify, iTunes, Deezer, Apple Music, Amazon Music, Pandora e Tidal
  • Autor Milton Nascimento e Criolo


Milton Nascimento e Criolo juntaram forças e lançaram, há uma semana, um EP com quatro canções cantadas em conjunto, nenhuma delas inédita.

O disco chama “Existe Amor”, em referência ao maior hit de Criolo, “Não Existe Amor em SP”, a terceira música do novo álbum. O trabalho foi gravado há um ano e meio e está disponível nas plataformas de streaming.

Milton Nascimento e Criolo
Milton Nascimento e Criolo - Fred Siewerdt/Divulgação

A primeira é “Cais”, lançada por Milton em 1972, no famosos LP “Clube da Esquina”. A canção virou notícia há seis anos, quando o britânico David Bowie lançou o single “Sue (Or in a Season of Crime)” e um crítico do jornal francês Le Monde a descreveu como parecida com “uma melodia muito conhecida dos amantes de música brasileira ‘Cais’”.

Realmente, a melodia é idêntica. Peritos discordaram entre si, na época, sobre “Sue” ser um plágio ou não de “Cais”. Seja como for, Bowie não foi acionado e regravou a canção para o álbum “Blackstar”, de 2016.

Talvez, para se distanciar, o fez com uma instrumentação mais pesada e rock’n’roll do que no single.

Aqui, Milton e Criolo fazem o contrário. Transformam a música original de dois minutos e 45 segundos em um dueto de mais de seis minutos, deixando a faixa ainda mais etérea. Em vez do dedilhado do violão de cordas de aço, o piano virtuoso de Amaro Freitas faz o contraponto a cada verso.

A próxima é “Dez Anjos”, parceria dos dois lançada por Gal Costa em 2015. Regida aqui pelo maestro Artur Verocai, é uma canção no estilo clássico de Milton Nascimento e poderia estar em qualquer um de seus discos dos anos 1970 ou 1980.

A bela letra de Criolo usa diversos numerais e gírias para narrar a violência do país de forma bastante lírica, como no trecho “sete chaves para abrir/ sete portas, meu irmão/ odisseia sem Uli/ biqueira, viela e pão”.

O pianista Amaro Freitas volta em “Não Existe Amor em SP”, que começa sendo cantada por Milton e segue com Criolo. A versão tem quase seis minutos e perde a força urbana e a aura de rap melódico que a versão original tinha em 2011.

Em vez disso, busca uma roupagem mais acadêmica e tradicional, talvez mais elitizada, própria para salões ou jantares da alta roda que a letra possivelmente critica em trechos como “a ganância vibra, a vaidade excita/ devolva minha vida e morra”.

Por fim, Artur Verocai põe sua orquestra a favor do soul setentista em “O Tambor”, canção que o maestro já havia gravado, com participação especial do próprio Criolo, em seu álbum de 2016.

É a única música dançante e para cima, trazendo uma alegria em meio à desesperança geral do EP. “Chega de ser, de sofrer, de chorar/ mastigar toda desgraça com pão”, começa Criolo, para terminar em ritmo de festa, junto com Milton, com “hoje o tambor vai se rebelar/ onde isso vai dar?”.​

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.