Projetos lançados durante a pandemia bagunçam a lógica do mercado de arte

Iniciativas como 300 Desenhos e Quarantine promovem compras às cegas para ajudar artistas e organizações

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São Paulo

Um mês e meio de pandemia bastou para o campo das artes criar uma série de iniciativas inovadoras, que buscam não só fortalecer o próprio setor como as comunidades mais vulneráveis à Covid-19.

Só nesta sexta (1º), foram lançadas duas delas.

A primeira é a 300 Desenhos, que convidou 300 artistas a doarem um desenho em formato de uma folha A4 cada um. Ao misturar nomes iniciantes e consagrados —participam Adriana Varejão, Ernesto Neto e Jac Leirner, por exemplo— ele anula as regras tradicionais do mercado de arte, em que o preço dos trabalhos depende fortemente do nível do reconhecimento do artista.

Afinal, por ali, todas as obras têm um valor único, R$ 1.000, muito abaixo do que costumam custar peças de medalhões como os já mencionados. Ao mesmo tempo, é impossível selecionar o desenho a ser comprado. A escolha é aleatória, realizada por um algoritmo.

A campanha vai até o dia 10 de maio, e o dinheiro arrecadado será doado a três organizações, a Apib, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a ​Habitat Brasil, de construção e melhoria de residências, e a Cufa, a Central Única das Favelas, que atua em comunidades e periferias de todo o país.

O segundo projeto é o Partilha, mais voltado para o mercado de arte. Nele, 17 galerias lançam uma seleção de obras vendidas em condições especiais —a cada aquisição no mês de maio, o comprador ganhará um crédito de igual valor para novas aquisições de outros artistas da mesma galeria.

São elas a Aura, a B_arco, a C.Galeria, a Casanova, a Desapê, a Eduardo Fernandes, a Janaina Torres, a Karla Osorio, a Mamute, a Mapa, a Lume, a OMA, a Periscópio, a Sé, a Soma e a Ybakatu.

Por agora, o objetivo é manter os profissionais que atuam no setor —que vão de artistas a montadores, fotógrafos e técnicos— ativos. O projeto também diz que doará recursos para instituições filantrópicas como Casa Chama, Lá da Favelinha, Lanchonete, Por Nossa Conta e Salvando Vidas.

Lançado já há alguns dias, o Quarantine, pensado pelas artistas Lais Myrrha e Marilá Dardot, pela crítica Cristiana Tejo e por Julia Morelli, fundadora da plataforma 55SP, tem uma lógica parecida com a do 300 Desenhos.

A iniciativa convidou mais de 40 artistas em diferentes momentos da carreira para colaborar com trabalhos —há desde bastiões da arte contemporânea nacional, como Lenora de Barros e Paulo Bruscky, a artistas jovens, menos conhecidos.

As obras, que custam R$ 5.000 cada uma, são compradas às cegas, escolhidas a partir do título e do autor. Então, são enviadas digitalmente e baixadas, impressas ou executadas pelos próprios compradores. A cada venda, o dinheiro é distribuído de forma igualitária entre os participantes e partilhado com uma organização civil que atende artistas transgênero e travesti, a mesma Casa Chama apoiada pelo Partilha.

300 desenhos

  • Quando A partir de sexta (1º). Até 15/5
  • Preço R$ 1.000
  • Link: 300desenhos.art

Partilha

Quarantine

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