SP-Arte recua e diz que ressarcirá integralmente galerias por edição cancelada

Decisão, que acontece após mais de um mês de negociações, surpreendeu o setor

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São Paulo

Depois de mais de um mês de negociações, a feira SP-Arte recuou e decidiu devolver todo o investimento das galerias na edição da feira deste ano, cancelada por causa da pandemia da Covid-19.

No início de abril, a organização tinha afirmado que devolveria apenas um terço desse dinheiro às casas de imediato, o que motivou uma união inédita do setor para reaver seus investimentos. Um outro terço seria retido para cobrir os custos da montagem, em curso quando o evento foi suspenso, e um terço final serviria de crédito para a participação das galerias na feira do ano que vem.

Uma participação na SP-Arte começa nos R$ 20 mil e pode ultrapassar os R$ 100 mil. Segundo galeristas consultados pela reportagem, são valores que pesam e muito diante da crise ocasionada pelo coronavírus —em especial no caso dos espaços menores, mais vulneráveis aos reveses do mercado.

Em nota, a SP-Arte afirma que devolverá o dinheiro pago pelos espaços de maneira escalonada em até um ano, de modo a aliviar os problemas de caixa que enfrenta também em função da crise. Ainda diz que a opção "pela devolução integral representa um esforço de capitalização na empresa, uma vez que, ainda que não tenha acontecido, o evento foi em boa parte pago".

À Folha, a diretora do evento, Fernanda Feitosa, afirma que a decisão de voltar atrás foi motivada pela percepção de que era preciso se adaptar a uma realidade que se transforma "com rapidez inédita e em direções incertas".

"Foi necessário pensar em uma nova proposta que, de fato, pudesse demonstrar nossa total colaboração à sobrevida de galerias (e, por consequência, de seus artistas), apesar dos enormes esforços os quais estamos nos imputando, já que não fazemos parte de um grupo econômico multinacional, a exemplo de outras feiras", ela diz.

"Também entendemos que, neste momento de agravamento da crise, a devolução integral está em consonância com nossa missão desde o início da SP-Arte: o fomento ao sistema das artes no Brasil", um projeto que Feitosa qualifica como "de vida".

As negociações entre as galerias insatisfeitas, cerca de 80 de um total de 159 que participariam do evento este ano, vinham sendo tocadas por duas entidades do setor, a Agab, a Associação de Galerias de Arte do Brasil, e a Abact, Associação Brasileira de Arte Contemporânea.

Presidente da primeira, Ulisses Cohn afirma que a decisão surpreendeu positivamente o grupo, já que eles propunham inclusive contribuir com porcentagens de seus investimentos para minimizar os prejuízos da feira.

Ele diz que estão todos muito satisfeitos com o gesto e que restam só algumas questões de procedimentos a serem resolvidas com as galerias.

Na nota enviada, a SP-Arte ainda confirmou a realização de uma edição virtual neste ano, prevista para entre junho e agosto. Com isso, segue os passos dos principais eventos do tipo no mundo, como a Art Basel Hong Kong e a Frieze, de Nova York, que acontece de forma online até esta sexta (15).

A feira também adiantou que a edição de 2021 da SP-Arte está confirmada e deve acontecer de 14 a 18 de abril, no pavilhão Ciccillo Matarazzo, no parque Ibirapuera.

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