José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, fundador e diretor do Teatro Oficina, defendeu que o fim do governo Bolsonaro é “questão de profilaxia” em live da Folha nesta sexta (15).
O diretor afirmou que o presidente é “o próprio coronavírus no poder”, lembrando artigo recente publicado pela revista The Lancet que aponta Bolsonaro como maior obstáculo do Brasil no combate à pandemia.
Ele também abordou a grave situação econômica atravessada pela classe artística brasileira, mas sobre a secretária da Cultura, Regina Duarte, foi conciso, rindo, ao dizer “não vamos perder tempo com isso”.
É pela imagem da terra plana, representando o autoritarismo e o negacionismo científico, que Zé Celso teceu críticas a ministros, ao presidente e a sua família. “Fico imaginando a gente sem a terra plana —a terra voltar a ser redonda, voltar a girar”, diz.
Aos 83 anos, Zé Celso continua antropofágico por natureza e ofício. Enquanto fala, transita por filosofia, história, cultura, teatro e política propondo um denso passeio —na live, cantando a marchinha “Na Minha Casa Não se Racha Lenha” evocou o carnaval de 1920 , falou da prisão e posterior exílio em Portugal na época da ditadura militar, cantarolou trecho da ópera “Tristão e Isolda” e relembrou montagens emblemáticas do Teatro Oficina pelas quais foi responsável, como “As Bacantes”.
Atualmente, ele conta que está trabalhando em um livro sobre a origem da "tragicomediaorgia" (sua alquimia dramatúrgica particular, que mistura tragédia, comédia, música, corpo e movimento) e pensando as circunstâncias “da pandemia e da tirania”.
O diretor vê no momento atual a potência para a transformação, cara ao funcionamento e à filosofia do Teatro Oficina. “Tem que mudar de era”, afirma, elencando críticas ao genocídio de povos indígenas, ao desmatamento da Amazônia e à falta de financiamento para a cultura.
“Depois que estiver todo mundo com saúde, a gente vai reconstruir o mundo. Vai ter uma transformação e não vai ter como segurar”, diz.
Ele também falou sobre a antiga batalha do Oficina para a construção do parque do Bixiga, que foi vetada pelo prefeito Bruno Covas em março.
“O parque do Bixiga é a cura –eu quero viver para ver isso, a vida só tem sentido para mim, se você luta e consegue. Estou em plena felicidade guerreira”, disse, ecoando o "Manifesto Antropófago" quando nos informa que a alegria é a prova dos nove.
Todas as sextas, às 17h, a Ilustrada apresenta convidados do mundo das artes, entre músicos, cineastas, dramaturgos, escritores, estilistas, artistas plásticos e diretores de TV. As lives têm exibição tanto no site da Folha quanto no canal do jornal no YouTube.
As editorias de Turismo e Comida se revezam no horário, com bate-papos sobre o impacto da quarentena no mercado de viagens, mostrando os direitos do consumidor e o que deve acontecer após o pico da pandemia.
PROGRAMAÇÃO DAS LIVES DA FOLHA
Segunda-feira Poder
Terça-feira Folhinha
Quarta-feira Saúde
Quinta-feira Mercado e Painel S.A.
Sexta-feira Ilustrada, Turismo e Comida
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