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'É como vejo muitos homens da minha idade', diz ator e roteirista sobre 'Quase Feliz'

Sucesso na Argentina, série da Netflix trata da vida de um radialista famoso atravessando uma crise da meia-idade

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Buenos Aires

A minissérie "Quase Feliz" tem sido um sucesso na América Latina. Seu protagonista, que tem o mesmo nome —Sebastián— e o mesmo emprego —radialista— que o comediante Sebastián Wainraich, 46, na vida real, crê que a explicação pode estar, entre outras coisas, ligada à sensibilidade mais aguçada de todos nesse período da quarentena.

"A estreia da série neste momento pegou as pessoas com uma necessidade de rir muito grande, ao mesmo tempo em que nos agarrou em um momento de grande vulnerabilidade", conta Wainraich.

A história, escrita e protagonizada por ele, trata da vida de um sujeito de meia idade, que tem um programa de rádio de sucesso, mas não sabe lidar bem com a própria imagem pública, cometendo várias trapalhadas.

Sua vida gira em torno de suas fragilidades, em especial para estabelecer e reforçar seus vínculos afetivos, com a ex-mulher, com os filhos, com os pais e o irmão. Não é por menos que a obra de teatro, meio stand-up, meio comédia, que ele tinha em cartaz quando a pandemia chegou, tinha o nome "Frágil". É um tema pelo qual é apaixonado.

"Creio que expor a fragilidade masculina é uma coisa típica dos portenhos. Somos uma sociedade muito psicoanalisada, ao mesmo tempo em que os homens sentem muitas pressões. Talvez sejamos diferentes de homens brasileiros, mexicanos, colombianos por não termos vergonha de expor essas vulnerabilidades. Talvez seja a temperatura, você vai subindo para o norte e as pessoas parecem ser mais felizes do que nós, aqui no sul", teoriza, brincando.

Wainraich conta que a série é só "em parte" autobiográfica, principalmente por conta do lado afetivo. "Acho que não estou atualmente com tantos conflitos de relação como o Sebastian da série, mas é como eu vejo muitos homens da minha idade hoje."

Mesmo fazendo rádio há mais de 30 anos, Wainraich também escreve roteiros de TV, teatro e cinema. Protagonizou, em 2016, "Una Noche de Amor", com direção de Hernán Guerschuny, que também conduz "Quase Feliz". E, para o teatro, "Wainraich y los Frustrados", com direção de Nano Zyssholtz. Neste último, encarna três personagens, e o último é ele mesmo fazendo um esquete de stand up.

Outra coisa que tem em comum, seguramente, com o protagonista, é ser um torcedor fanático do Atlanta. Atlanta? Isso mesmo, na Argentina é ainda muito comum existirem times de bairro com apoiadores muito fiéis.

O Atlanta é um clube pequeno, cujos dias de glória foram há mais de 30 anos, quando ainda jogava a primeira divisão do futebol argentino. O local em que Wainraich cresceu, entre Villa Crespo e Chacarita, é a "casa" do Atlanta, e há vários comércios e bares com o nome do time ou o emblema com suas cores, o amarelo e o azul, pintados na rua.

"Na verdade a intenção da série era fazer o Atlanta mais popular", diz, em tom de piada. "Agora que está na Netflix sendo vista em mais de cem países, sei que mais gente conhece o time e um dia ganharemos a Libertadores", ri.

Depois fica sério e conta que, na Buenos Aires em que cresceu, os clubes de bairro tinham grande importância, inclusive política, por serem centros de debate e de convivência da comunidade.

Para quem gostou da série, Wainraich avisa que está aproveitando a quarentena para escrever a segunda temporada.

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