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Filme brasileiro 'Casa de Antiguidades' é selecionado pelo Festival de Cannes

Evento divulgou lista de longas que concorreriam aos prêmios da edição deste ano, que está cancelada

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São Paulo

O Festival de Cinema de Cannes revelou, nesta quarta-feira (3), os títulos que seriam exibidos em sua edição deste ano, programada para maio, mas que precisou ser cancelada devido à pandemia do novo coronavírus. Agora, 56 longas têm o direito de ostentar o selo de aprovação oficial do festival, mesmo que não tenham de fato concorrido a seus prêmios.

"Da 5 Bloods", de Spike Lee, "Soul", de Pete Docter, "The French Dispatch", de Wes Anderson, "Memória", de Apichatpong Weerasethakul, "Ammonite", de Francis Lee, e "Limbo", de Ben Sharrock, são alguns dos filmes que foram chancelados pela mostra francesa.

Entre os selecionados, há também o brasileiro "Casa de Antiguidades", de João Paulo Miranda, que teve seu roteiro desenvolvido numa residência do Festival de Cannes e que tem previsão de lançamento para este ano.

"O filme tem que trazer coisas que provocam, não é entretenimento", afirmou Miranda à Folha, no ano passado. "Casa de Antiguidades", seu primeiro longa metragem, retrata a vida de um operário negro em uma cidade fictícia de colonização austríaca no sul do Brasil.

Além de tocar em temas como o racismo, parte da polarização política de 2018 é abordada pela trama, que tem cenas gravadas na cidade catarinense de Treze Tílias, onde houve forte apoio ao então candidato à presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro. ​

Mas essa não é a primeira vez que a obra do diretor é contemplada pelo festival. O curta "A Moça que Dançou com o Diabo", lançado em 2016, rendeu a ele o prêmio especial do júri em Cannes e retrata uma adolescente evangélica que se transfigura em uma língua de fogo quando enfim cede à libido.

Thierry Frémaux, diretor artístico da mostra francesa, afirmou à revista Variety que a seleção de 2020 se destaca, principalmente, pela presença maior de diretores estreantes e o aumento no número de filmes dirigidos por mulheres.

Frémaux também aproveitou a ocasião para lamentar a atual situação da cultura no Brasil. "O Brasil vai mal e o cinema brasileiro está mal. A Cinemateca está em grandes dificuldades”, afirmou, segundo a RFI.

O diretor do festival teria sido alertado sobre a crise financeira que ameaça a insituição por Walter Salles, diretor de "Central do Brasil”.

As obras selecionadas para a edição de 2020 do Festival de Cannes não foram divididas por categorias e, por isso, não serão premiadas. Algumas delas serão exibidas em outros eventos cinematográficos, como os festivais de Toronto, e de Veneza, que estão previstos para o segundo semestre deste ano.

Colaborou Bruno Ghetti

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