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'Heavyweight' faz rir e chorar ao resolver problemas comuns

Apresentador de podcast, Jonathan Goldstein é um detetive terapeuta que volta a situações do passado

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José Orenstein

Heavyweight

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  • Apresentador Jonathan Goldstein

Naquele antigo mundo pré-pandemia, muita gente ouvia podcast em trânsito. No ônibus, no metrô, no carro, a pé. E aí dava para classificar os podcasts em duas grandes categorias.

No primeiro time ficavam os programas para ouvir estritamente enquanto durava o percurso –chegou ao destino, dá o pause e acabou. São os mais comuns e menos memoráveis.

Já a outra categoria é a dos podcasts que agarram a gente pelos tímpanos. Que faziam a gente até desviar do caminho para ouvir mais um pouco da história. São os podcasts que, agora, em tempos de isolamento, fazem a gente ralentar a lavação de louça. “Heavyweight", podcast em inglês, que estreou em 2016, é desse segundo e mais seleto time.

Imagem simula mãos segurando fones de ouvido
Imagem simula mãos segurando fones de ouvido - Gabriel Cabral/Folhapress

O mote do programa é simples. A cada episódio, o apresentador, Jonathan Goldstein, mergulha num ponto específico do passado de alguém. É um momento em que a pessoa tomou uma decisão errada ou fez algo de que se arrepende. Feito um detetive terapeuta, Goldstein se lança na busca por resolver essa questão.

Pode ser a resolução de um problema mais prático –tipo ajudar uma amiga adulta a fazer finalmente uma prova de matemática que ela abandonou na época da escola. Ou pode ser um problema que está no terreno pantanoso das emoções familiares –fazer uma filha se reconciliar de alguma forma com o pai que foi embora quando ela era criança.

O que importa não é o tema de cada episódio em si. Tanto faz. O que torna “Heavyweight” especial é a jornada de cada história –conduzida sempre pelo humor sagaz de Goldstein. Escritor e comediante, ele aprendeu a fazer podcast na melhor escola possível –“This American Life”, programa semanal criado por Ira Glass nos anos 1990 (e na ativa até hoje, clássico absoluto) na rádio pública de Chicago.

Irônico sem ser debochado, emocionante sem ser piegas, Goldstein achou, ao longo das quatro temporadas de “Heavyweight”, um tom e um ritmo inimitáveis. Em episódios de duração de 30 minutos a uma hora, você ri, se identifica, se surpreende, às vezes chora diante das humaníssimas situações apresentadas. Até a forma como o apresentador lê as propagandas durante o programa é original e engraçada.

Durante a pandemia, Goldstein e a equipe do podcast lançaram oito episódios, para tentar elaborar as emoções desse momento bizarro do mundo. (Mas eles têm bem menos graça que os episódios das temporadas regulares.)

Então, se você nunca ouviu "Heavyweight", vale ir direto ao primeiríssimo episódio, “Buzz e Sheldon”, sobre o reencontro de dois homens já na casa dos 80 anos de idade que não se falavam há tempos. Buzz é o pai e Sheldon é o tio de Goldstein. O segundo da primeira temporada, “Gregor”, traz a cômica e surpreendentemente profunda história de um homem que emprestou uma coleção de CDs para o produtor musical Moby –antes da fama do músico– e que agora quer os discos de volta.

Ainda da terceira temporada vale escutar “Alex”, sobre um cara que prometeu fazer um documentário em áudio do casamento do seu melhor amigo, mas nunca entregou. O cara, no caso, é Alex Blumberg, fundador da produtora de podcasts Gimlet e atual chefe de Goldstein.

Se depois de escutar esses três episódios você não for enredado pelo papo de Goldstein, pode partir para outro podcast. Mas, se você curtir, felizmente tem mais três dezenas de histórias para ouvir. E neste ano ainda vem a quinta temporada.

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