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Suzana Amaral, diretora de 'A Hora da Estrela', morre em São Paulo

Causa da morte da diretora premiada em Berlim não está ligada a Covid-19

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São Paulo

Morreu no fim da tarde desta quinta-feira (25) a cineasta Suzana Amaral, em São Paulo. A família esclarece que a causa da morte não está ligada à Covid-19. Ela dirigiu "A Hora da Estrela" (1985), premiado em Berlim, filme inspirado no livero homônimo de Clarice Lispector, além de "Uma Vida em Segredo" (2001) e "Hotel Atlântico" (2009).

"A Hora da Estrela" foi o filme brasileiro indicado para a pré-seleção para concorrer a melhor filme estrangeiro no Oscar. Outra mulher só faria o mesmo feito 30 anos depois —Anna Muylaert, com "Que Horas Ela Volta? (2015).

A diretora virou uma espécie de mito entre as mulheres cineastas após a premiação em Berlim.

"As pessoas achavam que eu estava parada na minha cozinha, tive uma ideia do nada e fui fazer um filme", disse Amaral à Folha em 2015. "Dona de casa, até parece! Fazia dez anos que eu estudava cinema, trabalhei na TV Cultura por 18 anos. Ninguém vai fazer 'A Hora da Estrela' de sua cozinha. Até porque eu odeio cozinha, como todo dia fora de casa. Dessas coisas femininas, eu só tive uma porrada de filhos. E isso porque eu gostava de transar."

Na época da entrevista, torcia o nariz para quem quer discutir o papel da mulher no cinema: "Isso é bobagem. A gente tem é que reivindicar dinheiro para ter o que fazer", reclamou. "O marceneiro que não tem madeira não é marceneiro, não adianta. E o cineasta que não tem dinheiro não é cineasta. Ele pensa que é, mas não é."

"Que besteira filme feminino! Isso é 'bullshit'. Eu falo sobre problemas de comunicação. Por acaso, nos meus filmes, eles acontecem com mulheres. Mas, se qualquer outra história fizer 'plim' no meu coração, eu faço", disse.

A diretora Suzana Amaral na sede da produtora Consulado, em São Paulo, em 2015 - Gustavo Epifânio/Folhapress

“Minha mãe deixa legado em várias áreas, sobretudo no cinema. Suzana veio e trouxe para o cinema brasileiro uma nova linguagem, uma poética que era so dela —com muita influência do cinema alemão. Ela também deixa um legado na sua ética como professora, além de ter sido uma mãe maravilhosa”, diz a filha Flávia.

Neste momento delicado para o cinema brasileiro, diz Flávia, "que ela seja uma bandeira para que se salve o cinema nacional, bem como todas as áreas da cultura, que estão tão vilipendiadas nos nossos dias".

A filha não conta a idade da mãe, que costumava dar as mais variadas datas de nascimento para quem perguntasse: "ela era muito danada [com relação à idade], até o último momento".

A cineasta era mãe de nove filhos e tinha mais de 20 netos.

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