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Audiovisual vive censura financeira, diz produtor de 'Me Chame pelo Seu Nome'

Segundo Rodrigo Teixeira, a crise no setor cinematográfico já acontecia antes da pandemia

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São Paulo

Além das dificuldades impostas pela pandemia, o cinema brasileiro enfrenta uma “asfixia financeira”, pela qual o governo federal é responsável. É o que diz Rodrigo Teixeira, da RT Features, uma das principais produtoras do país.

“A gente fala muito da censura sobre temas, mas o que o audiovisual vive é uma censura financeira”, disse o produtor do longa premiado, “A Vida Invisível”, durante live da Folha, nesta sexta-feira (12). “O ano de 2019 foi o grande ano do cinema brasileiro na história. E, mesmo assim, estamos sofrendo uma asfixia, mesmo antes da pandemia”, afirma.

Segundo ele, que conversou com Leonardo Sanchez, repórter da Ilustrada, as mudanças sistemáticas na liderança do setor eliminam uma cadeia de comando concreta que possa garantir que os recursos públicos cheguem, de fato, às produções. “Temos que combater essa asfixia financeira. Se ela é inconsciente, está nos maltratando. Se é consciente, é burrice”, afirma.

No ano passado, Teixeira defendeu, em entrevista à Folha, que era necessário que o setor dialogasse com o governo Bolsonaro, mas revela ter mudado seu posicionamento. Ele não acredita mais que o diálogo seja possível e tão pouco crê que o governo encontrará um representante adequado para o setor.

Teixeira também falou de suas perspectivas para o cenário pós-pandemia na produção audiovisual. Segundo ele, “processos serão alterados de forma definitiva”, como os lanches coletivos ou a quantidade de pessoas em sets de filmagem.

O produtor de cinema e televisão Rodrigo Teixeira
O produtor de cinema e televisão Rodrigo Teixeira - Folhapress

“Em produções futuras, só estarão no estúdio as pessoas que precisam estar ali para cumprir determinadas funções", ele diz. Por outro lado, Teixeira não cogita alterar roteiros em função da Covid-19, excluindo cenas sensuais ou de beijos, por exemplo.

O produtor conta que está iniciando a produção de seis longas-metragens, entre eles “Armageddon Time”, em parceria com o diretor James Gray, que dirigiu a ficção científica “Ad Astra”, também produzido pela RT Features.

O filme se baseia nas experiências de Grey na escola Kew-Forest, em Nova York, onde estudou na década de 1980. O personagem central da trama é Fred Trump, pai do atual presidente dos Estados Unidos.

Falando de “Armageddon”, que já tem a atriz Cate Blanchett confirmada no elenco, Teixeira também discorreu sobre o racismo e o machismo no cinema e como o filme pretende tratar o discurso da família Trump.

“É o racismo cultural e estrutural que cria dificuldades para pensar em projetos para a população negra. O mesmo erro é cometido com mulheres, a indústria é machista há muito tempo. Temos que atentar para isso e viabilizar projetos.”

Todas as sextas, às 17h, a Ilustrada apresenta convidados do mundo das artes, entre músicos, cineastas, dramaturgos, escritores, estilistas, artistas plásticos e diretores de TV. As lives têm exibição tanto no site do jornal quanto no canal do jornal no YouTube.

As editorias de Turismo e Comida se revezam no horário, com bate-papos sobre o impacto da quarentena no mercado de viagens, mostrando os direitos do consumidor e o que deve acontecer depois do pico da pandemia.

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